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Retrato do artista quando cidadão

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Retrato do artista quando cidadão
A convite da organização do Fronteiras do Pensamento, escrevi um artigo sobre os dois primeiros convidados da temporada 2018 do projeto: a atriz e escritora Fernanda Torres e o artista visual Vik Muniz participam de um debate nesta segunda-feira (14/5), a partir das 19h45min, no Salão de Atos da UFRGS. O texto foi publicado na Revista Fronteiras ZH – e reproduzo aqui: O artista é percebido no meio social de diversas maneiras. Sua atuação como agente estético e cultural, obviamente, é precípua e definidora – mas ele também pode notabilizar-se ao assumir voz em arenas como política, economia, sociedade, comportamento e sexualidade. No Brasil de hoje, é cada vez mais frequente a presença de artistas que se colocam no proscênio do debate público pleiteando para si uma identidade em especial, que não está em conflito com seus outros papéis – ao contrário, é mesmo constituinte de todos eles: a de cidadão. Fernanda Torres e Vik Muniz, convidados responsáveis por abrir em maio o Fronteiras do Pensamento 2018 com um par de conferências seguidas de debate, fazem parte desse tipo de criador, que se articula para além de suas expressões artísticas específicas e tira partido de sua inserção popular e midiática para colocar em pauta temas e ideias que extrapolam o campo da cultura – sem, no entanto, excluí-la da conversa. Esse tipo de artista-cidadão, é claro, não é exatamente um sujeito novo: ele sempre deu um jeito de se fazer notar. O que talvez lhe confira maior notoriedade seja a profusão hoje em dia de plataformas para a difusão de suas opiniões e – circunstância negativa – a urgência cívica em ocupá-las com um pensamento que se oponha ao obscurantismo medievalista, que viraliza assustadoramente na ágora da internet e dos meios de comunicação. Os dois acreditam no poder transformador e libertador da arte, da educação e do conhecimento – não por seu atrelamento a projetos político-ideológicos específicos, mas pela imanente natureza emancipadora da cultura. Especialmente nos dois romances que já publicou, Fim (2013) e A Glória e seu Cortejo de Horrores (2017), mas também nas crônicas que vem publicando na imprensa com assiduidade desde 2007, Fernanda aborda com olhar crítico e irônico as ilusões perdidas e as falcatruas perpétuas da política institucional brasileira; já Vik, cuja trajetória é marcada por obras que questionam sutil ou explicitamente a exploração do homem, o consumismo, a superficialidade contemporânea e o desperdício, propugna outro tipo de política – conforme afirmou em entrevista recente à Zero Hora: “Trabalhar a relação das pessoas com a realidade é o papel político do artista, independente de partido, de posicionamento político. Quando você ensina as pessoas a verem a realidade melhor, você está fazendo um papel político”. Colunista do jornal Folha de S. Paulo e da Veja Rio e colaboradora da revista Piauí, a atriz e escritora envolve e diverte os leitores com sua prosa fluente, que estabelece com o leitor uma intimidade de mesa de bar – tanto na crônica quanto no registro da ficção. A visão arguta […]

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