Cinema | Notas

A nova paixão de Ana Carolina Teixeira Soares

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A nova paixão de Ana Carolina Teixeira Soares
A cineasta Ana Carolina está de volta. Com expressiva carreira, ela foi recém eleita pela respeitada revista francesa Cahiers du Cinéma como a única brasileira entre as cem cineastas mulheres mais influentes do século por conta de sua trilogia Mar de Rosas (1978), Das Tripas Coração (1982) e Sonho de Valsa (1987). Agora, cinco anos depois de seu filme A Primeira Missa (2014), ela está em fase de finalização do seu novo longa-metragem Paixões Recorrentes no Atlântico Sul, que filmou durante o mês de setembro no litoral paranaense. Nessa nova produção ela aborda uma história de decepções entre personagens brasileiros e estrangeiros isolados numa praia da costa brasileira. Apesar da temática da condição feminina ser marcante em sua filmografia, Ana Carolina conta que, depois que realizou a trilogia, lutou imensamente para não ser marcada como uma cineasta de assuntos exclusivamente femininos. – Na verdade, o que me interessa não é saber como pensam as mulheres, ou os homens. Quero descobrir como o poder se instala numa criatura e a leva a fazer as coisas mais absurdas: criar países, destruir países, quando tudo se resume apenas em manter-se no poder. A minha pesquisa é essa: como as pessoas de todos os países são subjugadas por um poder que consegue manter-se, durante muito tempo, praticamente não identificado – diz a realizadora. Sua nova incursão cinematográfica busca esclarecer como os conflitos políticos e sociais interferem na vida de sete personagens: três brasileiros, uma francesa, um argentino e um casal de portugueses, que intuíam que era a hora de fugirem de uma possível guerra. Por ironia, desembarcam na costa brasileira no dia 1º de setembro de 1939, data em que de fato foi declarada a Segunda Guerra. Essa informação ainda não havia chegado ao Brasil. – São pessoas que não perceberam que as paixões políticas não resolvem nada. Esse é o ponto de partida de Paixões Recorrentes no Atlântico Sul, em que a discussão sobre a morte das ideologias está presente, mesmo que nas entrelinhas, em todo o cotidiano desses personagens. Para a cineasta, desencadeiam-se aí conflitos e animosidades entre eles. Estão absortos pela natureza e pela solidão. – É a grande oportunidade que tenho para revelar que as ideologias não salvam país algum – resume. Nesse universo circulam um português que está à procura de sua mulher. Ela o abandonou quando descobriu que ele era um matador da polícia política, mais tarde transformada na PIDE. Um cínico brasileiro sem caráter, travestido de empresário teatral, explora uma atriz francesa decadente. Um argentino fiscal da imigração, perseguidor por excelência, se encarrega de reconduzir todos os estrangeiros ilegais de volta para o navio. Um ex-líder integralista falido que é o dono da birosca local. E, finalmente, um belo negro caiçara com sólida formação intelectual que é feliz, equilibrado, e sincero. E, por azar, é professor de política internacional. – De uma certa maneira ele é o espírito do tempo e explica que tudo isso já passou – pontua a cineasta. Animada com o resultado até agora, […]

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