Artigos | Cinema

Gaby Amarantos encarna uma assassina em “Serial Kelly”

Change Size Text
Gaby Amarantos encarna uma assassina em “Serial Kelly” Vitrine Filmes/Divulgação

Depois de participações especiais em filmes e na televisão, a cantora Gaby Amarantos estreia como protagonista de cinema na comédia policial Serial Kelly (2022) interpretando uma cantora de forró eletrônico que viaja pelo interior do Nordeste deixando mortes por onde passa. Dirigido por René Guerra, o filme estreia nesta quinta-feira (24/11).

O longa tem roteiro assinado por Guerra e Marcelo Caetano e apresenta uma personagem feminina forte: Kelly é uma estrela em ascensão – e a primeira serial killer mulher do Brasil.

Dona de talento inquestionável, a cantora sofre no mercado de trabalho por ser mulher. Enquanto busca sua grande chance, Kelly começa a ser investigada pelo assassinato de três homens. “Ela ama comer, transar e matar. Mas nem tudo está na superfície. Existem marcas nessa personagem trágica e na relação entre as mulheres do filme que deixam o longa no limiar entre a tragédia e a comédia”, explica o diretor.

Vitrine Filmes/Divulgação

Com fotografia vibrante de Pedro UranoSerial Kelly apresenta um Nordeste contemporâneo, cheio de energia e em constante transformação – mas também apocalíptico no limite entre a realidade e fantasia. Para Guerra, a cantora paraense é a interprete ideal para a protagonista: “Gaby Amarantos é uma das artistas mais corajosas que conheço. Tudo no filme é político. Não rimos da Kelly, rimos do absurdo que está no entorno dela. E da impossibilidade de evitar a pulsão trágica que permeia a personagem”. 

O roteiro foi construído em etapas, ao longo de vários anos. “Em terra de matador, mulher que mata é serial killer”, diz a delegada interpretada por Paula Cohen em um programa de televisão – e esse é o mote do filme que discute o peso do patriarcado no Brasil. Em 2010, com Caetano e Maíra Mesquita, o realizador Guerra começou a pesquisa para o longa.

“O filme é uma metáfora de memórias pessoais, um olhar debochado e amoral como forma de ver um Brasil tão surreal quanto dolorido”, afirma Guerra. A trilha inclui uma versão nacionalizada do clássico Psycho Killer, da banda norte-americana Talking Heads, além das músicas originais Maravilhosa e Chuva de Glória, compostas e interpretadas por Gaby Amarantos especialmente para o filme.

Rodado em Maceió e no interior de Alagoas, o filme é dividido em três partes: Céu, Purgatório e Inferno. No primeiro segmento, quando Kelly vaga pelo sertão e encontra um grupo de travestis em um vale árido e rochoso, o longa lembra os filmes surrealistas e místicos dirigidos pelo multiartista franco-chileno Alejandro Jodorowsky, como Fando e Lis (1968), El Topo (1970) e A Montanha Sagrada (1973).

Ao colocar um par de protagonistas dos dois lados da lei confrontando o machismo, a transfobia e o patriarcalismo tão brasileiros, Serial Kelly faz um manifesto contundente e irônico a favor da diversidade e da sororidade em uma sociedade culturalmente misógina.

Vitrine Filmes/Divulgação

Serial Kelly_Foto Vitrine Filmes

Serial Kelly: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Serial Kelly:

RELACIONADAS
PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?