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“Regra 34” questiona limites da transgressão sexual

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“Regra 34” questiona limites da transgressão sexual Amina Nogueira/Divulgação

Vencedor do Leopardo de Ouro, prêmio máximo do Festival de Locarno, na Suíça, o filme brasileiro Regra 34 (2022) entra em cartaz nesta quinta-feira (19/1). O longa dirigido por Julia Murat acompanha uma jovem negra que acabou de ser aprovada como defensora pública pagando seus estudos fazendo performances de sexo on-line em frente a uma câmera. Ao assistir a um filme certa noite, os impulsos sombrios de Simone (Sol Miranda) são despertados para um meio mais perigoso de gratificação sexual.

Regra 34 traz no elenco ainda Lucas Andrade, Lorena Comparato e Isabela Mariotto. No ano passado, o filme foi escolhido como a Melhor Direção de Ficção da mostra Première Brasil no Festival do Rio, além de ganhar o Prêmio Especial do Júri no 43º Festival do Novo Cinema Latino-Americano de Havana, em Cuba. Já Sol Miranda levou o troféu de Melhor Atriz no Festival de Cinema Ibero-Americano de Huelva, na Espanha

Amina Nogueira/Divulgação

“Trabalhar com uma equipe e elenco negros, tendo eles espaços criativos, não é apenas um projeto antirracista. É sobre construção de novas subjetividades e sobre profundidade narrativa”, explicou Julia Murat, realizadora de títulos como Histórias que Só Existem Quando São Lembradas (2011) e Pendular (2017). Sol contou como foi selecionada para o papel da protagonista: “Quando me conheceu, Julia me disse que havia algo inacessível em mim, algo que mesmo escondido aparecia. Algo que a lembrava Simone. Julia não me escolheu porque eu sou negra. Mas porque reconhecia traços de Simone em mim”. 

Gabriel Bortolini, diretor assistente e responsável pelo casting do filme, comentou também sobre a importância de profissionais negros como ele atuarem no audiovisual brasileiro: “Diversidade vai além de ter equipes mistas, é preciso ter novos corpos na tela com pretos ocupando todas as narrativas e não só as que os brancos acham que nos cabem. (…) Precisamos naturalizar nossos corpos nas telas, novas narrativas, falar de quem somos e como queremos ser. O Brasil é um país diverso e não tem como fazer cinema de verdade de outra forma”. 

Se do ponto de vista narrativo Regra 34 claudica no ritmo, em termos temáticos o filme provoca os personagens – e, por conseguinte, os espectadores – com uma profusão de questionamentos contemporâneos candentes a respeito de sujeição à lei jurídica e à norma social, opressão sistêmica, racismo, desejo sexual, privacidade, virtualidade e livre arbítrio, entre outros. O grande mérito do roteiro é evitar julgamentos peremptórios e conclusões fechadas, preferindo destacar a ambiguidade, a complexidade e a contradição – sintetizadas na figura da protagonista, interpretada com sensibilidade e entrega pela atriz Sol Miranda.

Amina Nogueira/Divulgação

Regra 34: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Regra 34:

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