Notas

6º Sesc Circo tem ações de incentivo e valorização da palhaçaria feminina

Change Size Text
6º Sesc Circo tem ações de incentivo e valorização da palhaçaria feminina Cabaré Circense, Re Tri Circo. Foto: João Vitor Kaminski/Divulgação

A santa, a frágil, a comportada: enquanto aos homens sempre foi permitido se manifestar através do riso e da comicidade, às mulheres foram impostos padrões de comportamento calmo e sério.

Este contexto social foi acompanhado pela palhaçaria, onde as mulheres só ingressaram bem mais tarde do que os homens e, ainda hoje, lutam para ocupar seus espaços.

Para promover o debate sobre o assunto e reforçar a presença da mulher no circo e em ambientes que destacam a comédia, a 6ª edição do Sesc Circo realiza uma série de ações de valorização à palhaçaria feminina. Neste ano em formato virtual, com atrações transmitidas pelo YouTube e Instagram do Sesc/RS e pelo Zoom, o evento ocorre de 2 a 6 de dezembro.

Como primeiro movimento destas atividades, já está disponível no site do evento, o manifesto Escuta as palhaças. Com depoimentos de artistas mulheres de várias partes do Brasil, a página traz reflexões sobre o espaço de afirmação e construção de uma comicidade que contemple questões de representação, gênero e identidade.

Abrindo a programação do evento, Lu Lopes (SP), que interpreta a Palhaça Rubra, ministra a residência artística Comicidade, Criatividade e Poética Feminina, de 24 a 26 de novembro e de 3 a 5 de dezembro.

Os encontros, que tiveram inscrições prévias, são voltados para mulheres a partir dos 18 anos e oferecem suporte para artistas amadores e profissionais interessadas em investigar a própria fonte criativa e o processo de criação de obras autorais.

Nos dias 3 e 4 de dezembro, as ações se intensificam por meio do projeto Curta Palhaças, que apresentará vídeos com performances de mulheres que representam a palhaçaria feminina no País.

O conteúdo será disponibilizado no Instagram do Sesc/RS, às 19h e às 21h, estrelando as palhaças Rarley Davidson (Odelta Simonetti, RS), Marmotta (Lia Motta, GO), Generosa (Ana Fuchs, RS) e Magnólia Marguerite (Lu Prestes, RS). Também no dia 4, o Conversas em Rede terá o bate-papo Palhaçaria Feminina, Palhaçaria Negra, Gênero e Diversidade, a partir das 15h, via Zoom.

Com mediação de Maria Andrea Soares (Unilab) e Raquel Guerra (UFSM) e as convidadas Ana Luíza Bellacosta (DF), Antônia Vilarinho (DF), Daiani Severo Brum (RS), Priscila Genara Padilha (SC), Silvana Silvia (RS), a conversa propõe apresentar perspectivas não hegemônicas sobre a pesquisa e os processos de criação em torno da palhaçaria e comicidade.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.sesc-rs.com.br/sesccirco/conversasemrede.

A coordenadora de Artes Cênicas e Visuais do Sesc/RS, Jane Schoninger, explica que a escolha por destacar o assunto veio de uma preocupação em promover reflexões sobre a questão de gênero e proporcionar um espaço para que essas profissionais possam estabelecer novas redes, compartilhar pesquisas e apresentar seus trabalhos, além de mostrar ao público referências femininas na arte circense.

— A palhaçaria feminina tem pouco mais de 30 anos. Antes, para serem palhaças, as mulheres precisavam interpretar o palhaço. O humor, sem construção sob o ponto de vista do feminino, só representa toda a carga, muitas vezes preconceituosa com a mulher, provocando risos e risos, sem sabermos do que se ria. Esse movimento traz, para além de ‘resultado’ de obras artísticas, questões sobre o espaço da mulher no campo do trabalho de artes, da construção de humor livre de preconceitos sob um determinado gênero e direito de identidade — explica.

Confira a programação completa aqui.

PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?