Cinema | Notas

Itaú Cultural Play exibe filmes dirigidos por cineastas indígenas sobre a diversidade de suas culturas

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Itaú Cultural Play exibe filmes dirigidos por cineastas indígenas sobre a diversidade de suas culturas "As Hiper Mulheres" (2011)/Reprodução IC Play

Para melhor compreender as demandas dos povos indígenas por reconhecimento e justiça, é importante conhecer a diversidade de suas culturas. Desde o seu lançamento, a Itaú Cultural Play apresenta uma mostra com cinco filmes que tratam do tema, todos sob a direção de cineastas de diferentes etnias indígena, homens e mulheres. Chamada Um Outro Olhar: Cineastas Indígenas, ela tem curadoria de Júnia Torres, documentarista e diretora do festival fórum.doc BH.

Além destes, outros filmes, com direção de não indígenas, mas que também abordam a cultura dos povos originários, podem ser vistos:  500 Almas, de Joel Pizzini, que integra uma mostra inteiramente dedicada ao diretor. Taego Ãwa, de Henrique Borela e Marcela Borela e Território: Nosso Corpo, Nosso Espírito, de Clea Torres e João Paulo Fernandes, estão presentes na mostra Sapi: Um Olhar do Centro. Dentro da coleção audiovisual do Itaú Cultural, Patxohã, A Língua de Guerreiros, tem produção instituição e direção do jornalista Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura da organização

A plataforma tem acesso inteiramente gratuito e o catálogo exibirá permanentemente este tipo de produção.

Um Outro Olhar: Cineastas Indígenas

O documentário As Hiper Mulheres, lançado em 2011, tem direção de Takumã Kuikuro, Leonardo Sette e Carlos Fausto e produção de vídeo nas Aldeias. No enredo, em uma aldeia dos indígenas Kuikuro, no Mato Grosso, uma anciã faz um último pedido para o seu companheiro – cantar no Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu. As mulheres se reúnem para ensaiar e preparar a festa, mas a cantora que guarda a memória das antigas músicas está doente. O longa-metragem é uma viagem antropológica ao coração de um ritual feminino ancestral e também um dos filmes indígenas mais premiados e conhecidos no Brasil.

Outro documentário, Teko Haxy – Ser Imperfeita, de 2018, de Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Sophia Pinheiro, é intimista como um diário pessoal. Ele surge do encontro entre duas cineastas de mundos antagônicos. Patrícia, indígena da etnia Mbyá-Guarani, e Sophia, antropóloga e não-indígena. A obra chama atenção pela maneira aparentemente despojada com que cria a sua história, lembrando uma troca de cartas ou um filme doméstico. Esse aparente descompromisso é o gatilho para uma reflexão sobre diferenças culturais a partir da ótica feminina.

Em Wai’á Rini, o Poder do Sonho, de 2011, o diretor Divino Tserewahú inicia um diálogo com seu pai, um dos líderes do Wai’á, a festa, que, dentro das cerimônias de iniciação do povo Xavante, introduz o jovem na vida espiritual. Entram em cena coreografias, danças e cantos, vistos pelo olhar de uma câmera-participante, integrada à celebração e às personagens. A partir daí, são reveladas as características deste ritual secreto, essencialmente masculino, no qual os jovens passam por provações e perigos. 

Yãmĩyhex – As Mulheres-Espírito, de 2019, tem direção de Sueli Maxakali e Isael Maxakali. Eles jogam luz sobre as yãmĩyhex, espíritos femininos do povo Maxakali, que passam temporadas nas aldeias transmitindo força e autodeterminação, sendo sua despedida acompanhada por uma longa festa. O filme capta a passagem destas mulheres-espírito pela terra de Aldeia Verde, em Minas Gerais, a partir da ótica Maxakali. Muito mais do que um registro, o filme é o resultado artístico da efetiva participação dos realizadores no ritual das mulheres-espírito. A câmera se integra aos preparativos e à festa de despedida, revelando a beleza de sua cultura. Sueli Maxakali é também uma das primeiras diretoras indígenas do país. A obra venceu o Prêmio Carlos Reichenbach de Melhor Longa-Metragem, na 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em 2019.

Zawxiperkwer Ka’a – Guardiões da Floresta, também foi lançado em 2019, sob direção de Jocy Guajajara e Milson Guajajara e produção do vídeo nas Aldeias. Ele narra a dramática luta dos indígenas Guajajara e Awá-Guajá contra a invasão ilegal de suas terras no Maranhão. Alvo da violência de criadores de gado, caçadores e madeireiros, responsáveis pelo assassinato de seis de suas lideranças, os indígenas mobilizam-se em torno dos Guardiões da Floresta. O filme apresenta essa história com a tensão digna de um thriller policial, tendo como cenário a última parte preservada da floresta amazônica maranhense. Fortalecendo o protagonismo de suas personagens, a narrativa acompanha de perto as ações de resistência dos Guardiões da Floresta.

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