Literatura | Notas

Lançamento da Editora Cobogó reúne múltiplas vozes para refletir sobre este tempo de incertezas

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Lançamento da Editora Cobogó reúne múltiplas vozes para refletir sobre este tempo de incertezas Capa. Foto: Kulturális/Divulgação

Os ensaios e entrevistas reunidos em No tremor do mundo articulam reflexões em diferentes campos – do científico ao artístico – a partir da radical experiência instaurada pela pandemia. Sabe-se que o vírus Sars Cov 2 impacta o corpo humano em diversos órgãos, e ainda que o maior perigo resida nas vias respiratórias, nos pulmões, a doença se revelou sistêmica.

O mesmo pode ser visto no corpo político da sociedade. A Covid-19 gerou um número assombroso de mortes e irradiações na vida de bilhões de pessoas ao redor do planeta em um curtíssimo espaço de tempo. Passamos boa parte de 2020 em isolamento social, e chegamos ao fim do ano confrontados pelo desafio que o vírus nos impôs: repensar comportamentos, estratégias e caminhos.

No tremor do mundo trata justamente da vasta repercussão de um acontecimento de origem biológica, através de vozes oriundas de diversos campos, que, por um lado, busca construir memórias dessa época singularíssima para o futuro e, por outro, partilhar imaginações para esse mesmo futuro, procurando, quem sabe, desenhar desde já transformações para o mundo porvir.

Com organização de Luisa Duarte e Victor Gorgulho, pensadores de diversas áreas do conhecimento contribuíram, no calor da hora, ao constatar e contribuir com ideias para um mundo em transformação. Ambientalistas, psicanalistas, professores, artistas, filósofos, jornalistas, escritores, dramaturgos, historiadores, curadores, arquitetos, ativistas, antropólogos e neurocientistas compartilham um ponto de partida comum: a vivência da pandemia.

A partir de suas vozes propositivas, ecoam exercícios filosóficos sobre nosso tempo. Tornou-se intransponível – e não pode seguir sendo ignorada – a necessidade de rever prioridades, refazer as relações com o planeta evitando o esgotamento ambiental, reestruturar os sistemas de trabalho, a economia, o papel do Estado, a ambivalência do ecossistema digital, reverter a desigualdade social, trazer ao centro do debate as questões de raça e gênero, os direitos dos povos originários, cogitar outras formas de ver e viver o mundo.

O movimento deste livro é de “tremer junto ao mundo”, expressão tomada do pensador martinicano Eduoard Glissant (1928-2011), em um momento de abalo profundo, na esperança de que essa elaboração do nosso presente possa irrigar uma imaginação para o futuro.

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