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A força da investigação local

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A força da investigação local Sede da terceirizada SV Apoio Logístico, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre. Foto: SV/Reprodução

Dizem que o papel aceita tudo. Bueno, no papel, Antonio Garcia é sócio-administrador de uma empresa terceirizada que tem contratos milionários com os governos Melo e Leite. Mas no dia a dia da SV Apoio Logístico, Garcia é, como ele admitiu ao Matinal, office boy. Vocês devem ter lido a reportagem que publicamos nesta semana com as suspeitas de irregularidades nesses acordos. A investigação foi feita pelo repórter Pedro Nakamura.

No mesmo dia em que a matéria foi para o ar, já colhemos os primeiros impactos da apuração: uma reunião da Frente Parlamentar em Defesa das Trabalhadoras e Trabalhadores Terceirizados, na Câmara Municipal, e uma manifestação da deputada estadual Luciana Genro (PSOL) sobre a viabilidade de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o caso. Certamente haverá novos desdobramentos, e nós seguiremos acompanhando. 

Não é a primeira vez que uma investigação nossa tem repercussão. Nakamura também é autor da reportagem premiada sobre o uso irregular de proxalutamida em pacientes covid no Hospital da Brigada Militar, publicada em 2021. A revelação levou a Anvisa a rever normas para importação de medicamentos para pesquisa. Antes ainda, em 2020, uma matéria assinada também por Sílvia Lisboa mostrou que a prefeitura terceirizou um albergue para um instituto dirigido pelo filho do então secretário de Desenvolvimento Social e Esporte de Porto Alegre, o advogado Itacir Flores (MDB) – ele acabou renunciando ao cargo depois da publicação.

Esses conteúdos são exemplo da força de investigações locais. Nakamura dividiu um pouco da sua experiência no Matinal na mesa “Jornalismo Investigativo local a serviço das cidades”, realizada no 18º Congresso de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que contou também com a presença de jornalistas de outras regiões do país. “O jornalismo investigativo local tem impacto na vida das cidades. E é urgente”, disse Antonio Rocha Filho, professor de jornalismo da ESPM-SP e mediador do painel.

Nas últimas semanas, reforçamos nosso núcleo investigativo local, que conta ainda com o repórter Gregório Mascarenhas e a supervisão de Sílvia Lisboa, diretora de jornalismo do Matinal. Em e-mail enviado aos nossos leitores e leitoras, Silvia já deu a notícia, que agora celebro também com quem me lê por aqui: pela segunda vez, fomos contemplados com uma bolsa do programa Acelerando Negócios Digitais do ICFJ (Centro Internacional para Jornalistas) e da Meta. O projeto “Pé no chão: jornalismo investigativo local pautado com a comunidade” foi selecionado e já está na rua – literalmente.

O objetivo da iniciativa é estreitar nossa relação com moradores da Capital, especialmente das periferias, e, assim, aumentar o impacto do nosso jornalismo local. Já fizemos uma primeira visita em uma comunidade periférica e sugestões levantadas lá já estão sendo apuradas por nossos repórteres. O projeto conta ainda com uma equipe dedicada ao engajamento com essas comunidades, sob a coordenação de Tatiana Reckziegel.

Com o investimento do programa, o Pé no Chão terá duração de cinco meses. Mas nosso desejo é fortalecer nosso núcleo investigativo para que ele seja permanente. Para isso, precisamos do apoio de leitores e leitoras. Se você ainda não assina o Matinal, escolha um plano

Se você já assina, compartilhe nossos conteúdos em suas redes e envie para seus contatos – inclusive para seus vereadores e deputados eleitos – para que o impacto das nossas produções seja ainda maior. Contamos com todos vocês!


Marcela Donini é editora-chefe do Matinal Jornalismo.
Contato: [email protected]

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