Bike Poa sobe preços e estabelece limite de viagens diárias

Empresa assinou novo contrato com a Prefeitura em agosto e ainda não expandiu serviço

Nem três semanas após assinar um novo contrato com a Prefeitura de Porto Alegre para expandir o aluguel de bicicletas na Capital, a Tem Bici, empresa que opera o Bike Poa, anunciou um aumento dos preços pelo serviço. Os novos valores, planos e condições passam a valer a partir de quinta-feira, dia 15 de setembro. Hoje, a modalidade “Mensal” custa R$ 15, enquanto que a opção “Anual” sai por R$ 160. Os reajustes serão de 66% e 24%, respectivamente.

A decisão sobre o preço do serviço não passa pela Prefeitura, sendo de responsabilidade exclusiva da empresa. Será o primeiro aumento em quatro anos: “Os ajustes estão relacionados aos investimentos em expansão e foco em manter a qualidade do sistema de bikes compartilhadas e suas estações, além disso o setor como um todo passa por reajustes de preços devido às novas condições de supply chain/abastecimento global”, justificou o grupo, em nota enviada ao Matinal.

A Tem Bici afirma que os novos planos foram divididos em duas categorias: “Eventual” e “Rotineiro”. O primeiro modelo contempla viagens diárias e um passe para três dias. Já o segundo tipo de assinatura tem as opções “Mensal” e “Anual”, com renovação automática e possibilidade de cancelamento a qualquer hora. Também é possível comprar uma viagem avulsa, com duração de 15 minutos, por R$ 4,49 – 31 centavos a menos que a passagem de ônibus. O minuto extra de pedalada custa 40 centavos.

Além de mais caros, os novos planos trazem outra má notícia para o usuário: o tempo que a bike fica disponível e o número de viagens liberadas por dia serão reduzidos. Nos planos da categoria “Rotineiro”, será permitido usar a bicicleta sem custo-extra por até 45 minutos, em vez dos atuais 60 minutos. Já o número máximo de viagens diárias passa para quatro. Hoje, não há limite, apenas um intervalo obrigatório de 15 minutos entre uma retirada e outra.

O objetivo da redução do tempo das viagens e da criação do plano avulso, de acordo com a Tem Bici, é manter as bicicletas rodando o maior tempo possível nas ruas. Segundo a empresa, o tempo médio de viagem do Bike Poa em 2022 é de 30 minutos por dia. Sem detalhar os números, o grupo afirma que a quantidade de viagens cresceu 17% desde o ano passado. 

Os planos não fazem distinção entre bicicletas convencionais e elétricas, uma novidade do sistema anunciada pela empresa. Em agosto, a Tem Bici explicou ao Matinal que ainda não havia uma quantidade exata de bikes elétricas para a cidade, mas que elas estariam aptas a serem colocadas em todas as estações. 

Anunciada, expansão ainda não começou

O Bike Poa é um serviço de bicicletas compartilhadas que completa 10 anos em 2022. Com o contrato renovado no fim de agosto, a Tem Bici comprometeu-se a expandir o número de estações de 41 para 100, aumentando também o número de bikes de 410 para 1000. Pelo contrato, todas as novas estações têm de estar instaladas até agosto de 2023. Até 12 de setembro, nenhuma nova estação tinha sido instalada, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana.

Questionada pelo Matinal, a empresa não confirmou uma data de quando os trabalhos de expansão vão começar. Pelo contrato assinado, o prazo é de 180 dias para que novas estações comecem a entrar em funcionamento e de 365 dias para que todas as previstas estejam em pleno funcionamento – período que foi salientado pela empresa em nota enviada à reportagem. 

Quando a expansão estiver completa, bairros como Azenha, Auxiliadora, Petrópolis, São Geraldo, Santana, Cristal, Tristeza e Ipanema, assim como a Praça da Encol, Parque Germânia passarão a contar com estações. A lista dos 91 pontos já aprovados junto à Prefeitura está disponível neste link. Os nove restantes seguem em análise pela SMMU pelo menos desde agosto, quando a assinatura do contrato foi anunciada. Ainda “estão em análise”, segundo a pasta. 

Prefeitura segue com chamamento aberto para outras empresas

Em breve, o Bike Poa pode não ser mais o único serviço de bicicletas de aluguel em Porto Alegre. A SMMU mantém o chamamento público para o credenciamento de empresas interessadas em explorar o serviço. Até a última sexta-feira, dia 9 de setembro, contudo, ainda não haviam surgido novos interessados em operar o serviço na Capital.

O objetivo de uma segunda empresa será ampliar o serviço para as áreas ainda não contempladas, visando estimular a bicicleta como meio de transporte na última milha entre trabalho e casa. Uma área de expansão já foi previamente planejada. “Queremos que essa ampliação chegue a terminais, shoppings e locais que permita que a utilização da bicicleta seja ampliada tanto para lazer como para meio de transporte”, afirmou o  secretário de Mobilidade Urbana, Adão de Castro Júnior.

Caso haja uma nova proposta, haverá o cuidado para que não se tenha sobreposição de estações em um mesmo ponto da cidade. Ficaria com a estação a empresa que contemplasse um maior número de critérios já definidos pelo Executivo, no edital do chamamento.