Reportagem

Com conclusão da reforma prevista para junho e metade do orçamento original, Viaduto Otávio Rocha deve ser concedido à iniciativa privada

Change Size Text
Com conclusão da reforma prevista para junho e metade do orçamento original, Viaduto Otávio Rocha deve ser concedido à iniciativa privada Ainda não há definição sobre o destino de lojistas que antes ocupavam os espaços comerciais. Foto: Pedro Piegas/PMPA

Governo pagou R$ 1,69 milhão pelo estudo que projeta a concessão da centenária obra de infraestrutura

Aproxima-se do fim a obra de revitalização do Viaduto Otávio Rocha, histórica construção que liga a avenida Borges de Medeiros à rua Duque de Caxias, no coração da capital. De acordo com a prefeitura, a entrega está prevista para junho, mas um dos lados da escadaria – o direito, no sentido de quem se dirige ao Mercado Público – poderá ser utilizado ainda mais cedo. “A ideia é que seja no final deste mês, ou no início de abril”, informa a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi). Este é o terceiro prazo estimado pelo município para a conclusão das intervenções naquele ponto.

Depois da obra que custou quase R$ 15 milhões aos cofres públicos, porém, a ideia do governo é conceder o viaduto à iniciativa privada. A Secretaria Municipal de Parcerias (SMP) contratou, ainda no final de outubro do ano passado, a São Paulo Parcerias, para desenvolver estudos para “uso das lojas, além de espaços para publicidade e realização de eventos”, conforme informou a pasta à Matinal. Após a conclusão desse plano, o governo diz que serão realizadas consultas e audiência públicas, ocasiões em que o projeto poderá ser discutido com a sociedade.

De acordo com a pasta, ainda não há definição sobre o destino de lojistas que ocuparam os espaços comerciais na altura da Borges de Medeiros. “Os estudos não começaram”, de acordo com a SMP.

Empresa paulista concentra estudos sobre concessões

Esse estudo foi contratado por R$ 1,69 milhão, por inexigibilidade de licitação, uma exceção à regra geral da concorrência pública, quando o governo pode optar por não realizá-la, como nos estudos técnicos. No caso de Porto Alegre, a prefeitura tem uma parceria com o município de São Paulo – a São Paulo Parcerias é uma sociedade de economia mista, vinculada à administração pública indireta da cidade. Em 2022, o prefeito Sebastião Melo (MDB), foi recebido pelo chefe do poder executivo paulistano Ricardo Nunes, para firmar o convênio, acompanhado pela secretária de Parcerias, Ana Pellini, e pelo então secretário extraordinário de Modernização e Projetos, Alexandre Borck, atualmente afastado do cargo por conta das investigações sobre possíveis fraudes na compra de materiais escolares.

O objetivo do protocolo de colaboração seria o desenvolvimento de projetos de desestatização. “Vamos poder contar com uma empresa renomada e conhecida nacionalmente para elaborar projetos para a capital”, comemorou Melo, à época. A São Paulo Parcerias teria na concessão para implantação de sanitários públicos seu primeiro objeto de pesquisa em Porto Alegre. Além do viaduto da Borges, também a concessão da Usina do Gasômetro, do Trecho 2 da orla (na região do Anfiteatro Pôr do Sol) e um projeto de construção e reforma de escolas, são exemplos de concessões à iniciativa privada fundamentados por estudos elaborados pela empresa paulistana. Questionada pela Matinal acerca da razão de contratar repetidamente a mesma instituição, a assessoria da SMP diz que há um “convênio de muita colaboração entre as prefeituras”.

Projeto original era mais do que o dobro

Não é a primeira ocasião em que o governo avalia conceder o Viaduto Otávio Rocha. Em 2019, no governo de Nelson Marchezan Jr., a prefeitura pretendeu recuperar a construção histórica através de uma parceria público-privada (PPP) – a diferença é que, na época, o município não arcaria com os custos da obra. A questão dos lojistas já era um imbróglio naquele momento: dos 33 espaços comerciais, apenas três estavam regulares.

Em novembro de 2022, já sob a gestão de Melo, começaram as obras, com recursos da Corporação Andina de Fomento (CAF), mas com um orçamento de um terço de um projeto feito sete anos antes, em 2015. A concepção para a reforma fora orçada em cerca de R$ 33 milhões, mas a prefeitura estipulou valor máximo de R$ 13,7 milhões para o serviço. Em abril de 2022, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto disse à Matinal que via o valor como “impossível” para a restauração. Em setembro do ano passado a prefeitura fez um aditivo de R$ 1,15 milhão à Concrejato, empresa responsável – com isso, o orçamento chegou aos R$ 14,85 milhões.

A expectativa era entregar o primeiro trecho, do lado direito, em dezembro de 2023. Depois, a prefeitura comunicou que concluiria a obra até o final de fevereiro – agora, o plano é até o fim de março, ou começo de abril.

Há alterações nas instalações elétricas, telefônicas, sanitárias, de drenagem e impermeabilização, na iluminação pública e no sistema de segurança. A reforma inclui a implementação de um novo Plano de Proteção Contra Incêndios (PPCI), com atenção à acessibilidade, à sinalização viária, e reativação das escadarias internas do viaduto, atualmente fechadas.

Gostou desta reportagem? Garanta que outros assuntos importantes para o interesse público da nossa cidade sejam abordados: apoie-nos financeiramente!

O que nos permite produzir reportagens investigativas e de denúncia, cumprindo nosso papel de fiscalizar o poder, é a nossa independência editorial.

Essa independência só existe porque somos financiados majoritariamente por leitoras e leitores que nos apoiam financeiramente.

Quem nos apoia também recebe todo o nosso conteúdo exclusivo: a versão completa da Matinal News, de segunda a sexta, e as newsletters do Juremir Machado, às terças, do Roger Lerina, às quintas, e da revista Parêntese, aos sábados.

Apoie-nos! O investimento equivale ao valor de dois cafés por mês.
Se você já nos apoia, agradecemos por fazer parte da rede Matinal! e tenha acesso a todo o nosso conteúdo.

Compartilhe esta reportagem em suas redes sociais!
Share on whatsapp
Share on twitter
Share on facebook
Share on email
Se você já nos apoia, agradecemos por fazer parte da rede Matinal! e tenha acesso a todo o nosso conteúdo.

Compartilhe esta reportagem em suas redes sociais!
Share on whatsapp
Share on twitter
Share on facebook
Share on email

Gostou desta reportagem? Ela é possível graças a sua assinatura.

O dinheiro investido por nossos assinantes premium é o que garante que possamos fazer um jornalismo independente de qualidade e relevância para a sociedade e para a democracia. Você pode contribuir ainda mais com um apoio extra ou compartilhando este conteúdo nas suas redes sociais.
Share on whatsapp
Share on twitter
Share on facebook
Share on email

Se você já é assinante, obrigada por estar conosco no Grupo Matinal Jornalismo! Faça login e tenha acesso a todos os nossos conteúdos.

Compartilhe esta reportagem em suas redes sociais!

Share on whatsapp
Share on twitter
Share on facebook
Share on email
RELACIONADAS

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.