Memória

1925: Início da abertura da Av. Borges de Medeiros

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1925: Início da abertura da Av. Borges de Medeiros

1925: Início da abertura da Av. Borges de Medeiros – História.

Dando curso ao programa que posteriormente talvez possa ser resumido no slogan “Governar é construir radiais… e acabar com os becos” (ver Parêntese, 26.11.2022), no segundo ano do mandato de Otávio Rocha (1924-28) teve início a abertura da av. Borges de Medeiros, com o alargamento da rua General Paranhos, antigo beco do Poço. 

As grandes obras viárias, de águas e esgotos, e de embelezamento de praças e jardins do período Otávio Rocha não foi um caso isolado. O mesmo ocorreu em Cachoeira do Sul, Uruguaiana, Alegrete, Dom Pedrito e outras cidades do Estado, governadas por uma nova geração de lideranças republicanas que assumiram as prefeituras depois do Pacto de Pedras Altas, de 1923, que impedia os velhos caciques do PRR de se reelegerem.  A base financeira vinha dos empréstimos norte-americanos, com o aval do governo do Estado. No caso de Porto Alegre, com um empréstimo de 4 milhões de dólares, acompanhado de uma avalanche de críticas do Correio do Povo, e uma enxurrada de explicações e de contra-ataques da A Federação (A Federação, 19.7.1927, p. 3).

Esta divergência de avaliações acompanha o imaginário que se formou sobre as ações de Otávio Rocha. As revistas da época saudavam-no como o “remodelador da cidade”. Alguns relativistas, com seus arroubos, apresentam-no como um Haussmann gaudério, ou Pereira Passos dos pampas. Só não chegam a relativizar as reações dos despejados do antigo beco do Poço. Até porque, em Porto Alegre, não consta que ocorreu o correspondente às barricadas de Paris, ou à Revolta da Vacina do Rio de Janeiro. No RS profundo, a resignação pampiana parece que migrou também para a rancharia da urbe.

A abertura da Av. Borges de Medeiros – Representações

A abertura da Borges, pelo que representou para a modernização da cidade, rendeu centenas de fotos. Por evidenciar a celeridade com que as escavações chegaram até a rua Duque de Caxias, destaca-se aqui uma foto da revista Máscara, de 1927 (Fig. 1).

Nas representações pictóricas, alguns de nossos artistas preferiram destacar a enormidade das obras. Como foi o caso (Fig. 2) de Luiz Maristany de Trias (Barcelona, Espanha, 1866 – P. Alegre, 1964). Outros, por sua vez, escolheram se fixar no casario que restou das demolições. Assim fizeram Francis Pelichek (Praga, República Tcheca, 1896 – P. Alegre, 1935), com o casario que restou da General Paranhos, antigo beco do Poço (Fig. 3). Assim como Angelo Guido num óleo da coleção do MARGS que recebeu o título de Casario, mas que parece se tratar das mesmas construções do quadro de Pelichek.

Nas representações celebrativas, ganha destaque o relevo de André Arjonas (Antequera, Espanha, 1890 – P. Alegre, 1950) para o túmulo de Otávio Rocha (Fig. 5), onde a figura de Municipalidade exalta as obras do homenageado, apresentado metaforicamente como um herói civilizador (o sol nascente do fundo da cena). Entre elas a av. Borges de Medeiros com sua “feérica iluminação”, um dos programas mais saudados da administração Otávio Rocha.


Fig. 1 – Estágios iniciais da abertura da av. Borges de Medeiros. In: MÁSCARA, ano X, fev/1927, p. 100. Tirado de: BN Digital, Rio de Janeiro, RJ. 

Fig. 2 – Abrindo a av. Borges de Medeiros (tríptico). Luiz Maristany de Trias, sem data. Óleo sobre madeira, 63 x 40 cm/ 63 x 63 cm/ 63 x 40 cm. Tirado de: MARCON, Daiane. Cidade moderna desvelada: a pintura de paisagem urbana em Porto Alegre (1920-1945). XII Encontro da História da Arte, 2017, p. 186.

Fig. 3 – O Beco do Poço. Francis Pelichek, 1925. Aquarela e nanquim sobre papel, 38, 5 x 29,5 cm. Pinacoteca Aldo Locatelli, Porto Alegre, RS.

Fig. 4 – Casario. Angelo Guido, sem data. Óleo sobre tela, 49 x 59 cm. Acervo do MARGS, Porto Alegre, RS.

Fig. 5 – Túmulo de Otávio Rocha. André Arjonas, 1929. Cemitério da Santa Casa, Porto Alegre – RS. Foto de: Gabriela Portela Moreira.

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