Revista Parêntese

Parêntese #71: Santos, profetas, artistas

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Parêntese #71: Santos, profetas, artistas Foto: Mirian Fichtner

Queria muito dar ideia precisa da alegria e do orgulho que me causa a presente edição da Parêntese. Não sei se consigo.

O ensaio de fotos da Mirian Fichtner é dessas coisas que comovem qualquer coração que não tenha ainda sucumbido ao processo de brutalização que o presente tem imposto. Resultado de uma pacienciosa, atenta e amorosa convivência com o mundo das religiões afro-brasileiras em Porto Alegre, aqui temos uma mostra do quanto a beleza ajuda a enxergar melhor a vida e a fazer, ao mesmo tempo, justiça histórica. 

Com a Mirian, trabalha Carlos Caramez, um jornalista e produtor cultural com ampla experiência, que com ela dirige o documentário Cavalo de Santo, que estreou ontem e vai também comentado aqui. Com os dois feitos, fotos e filme, a Mirian e o Caramez mereciam já ganhar alguma medalha importante – e a maior de todas será a atenção do distinto público.

A entrevista é outra dessas peças que enchem o coração. Nelson Coelho de Castro conta parte sua trajetória, que agora ganha um, como se diz, upgrade, porque finalmente sua magnífica obra cancional ganha o ouvinte digital, em trabalho que tem a mão decidida de Luciano Mello. Acompanha a conversa um conjunto de textos de valor, de autoria do Luciano, de Guto Leite e de Arthur de Faria.

Num livrinho meu de 92, Um passado pela frente – Poesia gaúcha ontem e hoje (editora da UFRGS), reproduzo parte da letra de “Umbigos Modernos”, que vem a ser o nome do disco que o Nelson gravou em, meus deuses, 1988, e agora, só agora, vai ser divulgada. Na época eu ouvi a canção num show e pedi ao Nelson que me ditasse, pra eu incorporar ao livro. Daí que, caro leitor, distinta leitora, eu me pergunte o que é, afinal, o tempo. 

Não era suficiente? Não. Leandro Maia escreve um ensaio de fôlego, uma reflexão abrangente, feita de coração e com o cérebro, sobre o atual imbróglio dos incentivos ao mundo artístico. A Matinal deu, na terça, um pequeno ensaio de Henrique de Freitas Lima sobre o caso. Agora, o Leandro avança e oferece um panorama que merece cada parágrafo da leitura. Vai por mim. 

Aí esses dias, passeando no instagram, um dos jardins acessíveis para este nosso tempo de quarentena inacabável, deparei com uma nota do Júnior Maicá, a grande figura de O Bairrista, site e empresa inovadores e merecedores de atenção desde sempre. Ele falava num centenário que tinha me passado batido: cem anos do nascimento de Dona Ivone Lara. Não hesitei e pedi a ele que estendesse a conversa – e aqui temos o resultado. 

Também como uma flor do caminho me apareceu no facebook, há tempos já, uma brincadeira do Zé Adão Barbosa, ator e professor a quem também devemos tanto da nossa saúde cultural. Pedi a ele que nos permitisse reproduzir aqui uma dessas historinhas nonsense bem humoradas, que nascem, ele contou, de uma foto enviada a ele pelo ator Tarcísio Meira Filho, e do texto que ele, Zé Adão, escreve a propósito.

Duzentos anos nos separam do nascimento do imenso Charles Baudelaire, o poeta, cuja vida e obra são repassadas com maestria e mira certeira pelo Diego Grando

Na entrevista em quadrinhos, Pablito nos apresenta mais uma vida levada pela pandemia. Quem fala com carinho sobre a perda de Alice, a mãe, é o filho Gustavo Mini.

Roberto Jardim oferece uma reportagem rara, visitando aquela zona de interseção entre o futebol (neste caso, chileno) e a política econômica de um país. Roberto não se cansa de oferecer grandes textos para pensar a coisa para muito além das quatro linhas.

E a novela da Nathallia Protazio contém, em seu antepenúltimo capítulo, uma pequena explosão, que mais do que barulho causa estrago nas crianças. Que tristeza. 

Que alegria essa edição! 

(Alegria que se multiplica pela vacina que este vosso servidor das letras tomou, esta semana. Sem nenhuma brincadeira: me vieram lágrimas aos olhos quando a jovem estudante de Enfermagem – minha irmã, minha semelhante – preenchia a ficha que agora carrego comigo, até a segunda dose.)

— Luís Augusto Fischer

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