Juremir Machado da Silva

Meus presentes de Natal

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Meus presentes de Natal Foto: Sabina Sturzu/Unsplash

Nós, os cancelados da mídia convencional, não podemos ter pudor.

Tenho dito. E repetido. A repetição faz diferença.

Editoras como a Todavia e Cia das Letras têm os jornalões de Rio de Janeiro e São Paulo como assessorias de imprensa e a Flip como vitrine.

A nós, os Sem Mídia, cabe a guerra de guerrilha.

Segue a minha lista de dez presentes de Natal para quem não se constrange de dar livros nem se decepciona ao recebê-los.

O livro, como tecnologia do imaginário multissecular, ainda faz sentido. Escrever é um modo de existir. Libera pensamentos que a fala nem sempre consegue expressar. A crítica literária modernista, que domina o Brasil, ainda não entendeu que algo mudou. Já não interessa tanto como se conta a história nem um padrão ouro único, mas quem conta o quê.

Em paralelo a isso, tudo isso é possível como aposta.

  1. Escola da complexidade/escola da diversidade: pedagogia da comunicação (L&PM), de Juremir Machado da Silva.
  2. Aniquilar (Alfaguara), de Michel Houellebecq.
  3. Comunicar é negociar (Sulina), de Dominique Wolton.
  4. Louis Vuitton, uma saga (L&PM), de Stéphanie Bonvicini.
  5. Campereadas – coração de pandorga (Libretos), de Paulo Mendes.
  6. De tudo fica um pouco (Zouk), de Léa Masina.
  7. Dibuk (Sulina), de Gilberto Schwartsman.
  8. Ser como eles (L&PM), de Eduardo Galeano.
  9. O Mistério Henri Pick (L&PM), de David Foenkinos.
  10. Machado de Assis, o cronista das classes ociosas (Sulina), de Juremir Machado da Silva.

Abro e fecho a lista como provocação. Não pretendo que essa estratégia vá abalar as listas de mais vendidos nem agitar o passo do Jabuti.

Aos que me perguntam com inocência onde encontrar tais livros, especialmente os meus, respondo candidamente:

– Já ouviu falar em internet?

Ainda pretendo ganhar o Nobel da literatura. Se isso acontecer, não sairá uma linha na grande imprensa brasileira. Minhas ambições são modestas e razoáveis. Jamais alguém poderá me acusar de megalomania. É comum que me acusem de ressentimento. Eu sou apenas um rapaz latino-americano, ouvinte de Belchior, que um dia me procurou, e leitor de Guy Debord, que não tive coragem de abordar num café de Paris, assim como não perturbei Jean-Paul Belmond e sua filhinha na bela Place Dauphine, no coração parisiense.

Debord cravou na sua tese dez: “O espetáculo não diz nada além de o que é bom aparece, o que aparece é bom”. O espetáculo, porém, não é eterno.

Utopista e boêmio, Debord teorizava a ultrapassagem do espetáculo a cada noite. Era um marxista com forte tendência anarquista. Acreditava na revolução. Pretendia acelerá-la com as suas “situações”, performances para chocar o espírito conformista burguês. Perdeu. A mudança vem por outros meios, por saturação, excesso, como pensava Jean Baudrillard.

O imaginário é o espaço da visão mágica da vida no cotidiano. Sem imaginário, a existência seria árida. É por isso que acredito em Papai Noel.

Acredito que é preciso fazer acreditar nele por alguns anos.

Creio também na força mágica da escrita plural.

Feliz Natal com alguma antecipação!

Ano que vem tem mais. Digo, mais livros na contramão.

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