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Matinal será homenageada pela Câmara de Vereadores

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Matinal será homenageada pela Câmara de Vereadores Parte da equipe da Matinal: Marcela Donini, Claudia Leão, Sílvia Lisboa, Roger Lerina, Tiago Medina, Luís Augusto Fischer, Nathallia Protazio, Filipe Speck e Juremir Machado | Foto: Geovana Benites

Na segunda-feira, a equipe da Matinal estará na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Essa casa que tantas vezes foi protagonista de reportagens nossas – nem sempre por nobres motivos – aprovou uma homenagem à nossa redação pela competência do jornalismo que fazemos desde 2019. 

A notícia chegou às vésperas da nossa edição número mil, enviada ontem, e nos deixa muito felizes e orgulhosos do caminho que trilhamos até aqui. O poder legislativo sempre recebeu atenção especial da Matinal porque sabemos da importância do seu papel na transformação da cidade, tanto quanto o executivo, que costuma receber mais holofotes da imprensa. 

Reportagens nossas sobre falhas na transparência já provocaram mudanças na Câmara de Porto Alegre e de outras capitais. E muitas investigações relacionadas ao executivo ou temas de interesse dos porto-alegrenses reverberaram entre os vereadores, que tomaram medidas para ajudar a esclarecer os fatos, como no caso da crise da Smed.

Agradecemos imensamente aos vereadores que aprovaram essa distinção, proposta pelo vereador Roberto Robaina (PSOL).

Não foram todos.

O texto da homenagem recebeu quatro votos contrários

Não foi nenhuma surpresa terem vindo de quem apoia ou apoiou em algum momento o ex-presidente Jair Bolsonaro, notório inimigo da imprensa: Fernanda Barth (PL), Comandante Nadia (PP), Jesse Sangalli (Cidadania) e Ramiro Rosário (PSDB).

Fernanda foi recentemente citada na reportagem que denunciou a promoção de um evento antivacina dentro da Câmara, organizado por ela. Foi na sequência dessa publicação que o repórter Pedro Nakamura virou alvo de ataques de grupos antivaxx nas redes. Aliás, no mesmo dia em que a casa aprovou a homenagem à redação da Matinal, foi rejeitada a moção de solidariedade ao Nakamura pelos ataques sofridos neste episódio

O texto havia sido protocolado pelo vereador Claudio Janta (SD). “Não podemos tolerar ou ser conivente com ataques a jornalistas por exercerem seu trabalho, muito menos quando estes estão defendendo a verdade, combatendo temas que desinformam, façam críticas infundadas às vacinas ou disseminam qualquer tipo de fake news”, escreveu o parlamentar na proposta que acabou rejeitada. Com seus votos contrários, 14 vereadores revelaram concordar com ataques a jornalistas e à imprensa. 

Ao longo dessas 1000 edições da Matinal News, nossa relação com parlamentares de diferentes espectros tem sido bastante respeitosa. Não temos compromisso com nenhum nome ou legenda. Aqui mesmo neste espaço, condenei as ameaças e a desinformação de que foi alvo a vereadora Fernanda Barth quando circularam informações falsas de que ela estava em Brasília no fatídico 8 de janeiro. Ela esteve, sim, no ato golpista organizado em frente ao Comando Militar do Sul, no Centro Histórico de Porto Alegre.

Nosso compromisso é com a verdade, a transparência, a justiça social, entre outros valores que guiam a democracia e também deveriam guiar os trabalhos de todos os parlamentares, estejam eles à esquerda ou à direita.

Nova colunista

Vocês viram que temos uma nova colunista na Matinal? Nanni Rios chega para reforçar a atenção a valores caros à nossa redação. Jornalista, livreira e produtora cultural, ela vai escrever às quintas, a cada duas semanas, com foco em questões de diversidade, como gênero, sexualidade, raça e direitos humanos. Na sua primeira coluna, ela falou de duas questões urgentes no país: a falta de representatividade num STF composto majoritariamente por homens brancos e a criminalização do aborto que ainda julga e pune as mulheres brasileiras.

Aliás, amanhecemos hoje com uma boa notícia: a ministra Rosa Weber deu voto favorável à descriminalização. Na sua defesa, destacou que criminalização não é a melhor política para resolver a questão. Também afirmou que “a criminalização perpetua o quadro de discriminação com base no gênero, porque ninguém supõe, ainda que em última lente, que o homem de alguma forma seja reprovado pela sua conduta de liberdade sexual, afinal a questão reprodutiva não lhe pertence de forma direta”.

O caso, que começou a ser julgado nesta madrugada de forma virtual, deve ir para o plenário presencial a pedido do ministro Luís Roberto Barroso, mas ainda não há data para que isso aconteça. Esperamos que o voto da relatora Rosa Weber seja o primeiro passo rumo ao avanço que vai por fim nesta lei retrógrada.


Marcela Donini é editora-chefe da Matinal e está muito orgulhosa do trabalho de todos na redação.
Contato: [email protected]

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