Douglas Germano e Kiko Dinucci apresentam parcerias e trabalhos solos no Ocidente
Parceiros musicais desde o final dos anos 1990, Douglas Germano e Kiko Dinucci fazem show no Bar Ocidente, no dia 28 de junho, às 20h30 – ingressos à venda. O repertório inclui composições da dupla e trabalhos solos dos músicos, que pela primeira vez se apresentam juntos em Porto Alegre.
Douglas conta que a parceria com Kiko começou em 1997, quando começaram a rascunhar as primeiras composições em colaboração. A partir de encontros semanais no bar Ó do Borogodó, o trabalho a quatro mãos foi se consolidando ao longo dos anos. Em 2008, integrando o Bando Afromacarrônico, a dupla gravou Pastiche Nagô.
Na mesma época, o encontro entre Douglas e Kiko também resultou no projeto Duo Moviola e no álbum O Retrato do Artista Quando Pede (2009). “Muita coisa ficou de fora desse disco, talvez a gente toque alguma delas em Porto Alegre”, antecipa Douglas.
O cantor e compositor lançou Orí, seu primeiro álbum solo, em 2011: “É um disco que fiz achando que jamais gravaria outro (risos). Decidi mostrar um pouquinho da minha cabeça: tem samba com arranjo de música serial [Gota a Gota] e samba ortodoxo [Deixei Meu Coração na Vila], em homenagem à minha escola de samba”.
Foi na quadra da Nenê de Vila Matilde, na Zona Leste de São Paulo, que Douglas, aos 12 anos, iniciou sua trajetória na música, integrando o naipe de repinique da escola de samba. “Foi muito transformador, é um universo muito rico. Além de musical e cultural, é um ambiente onde o coletivo é extremamente importante. Ainda mais em São Paulo, onde a quadra de escola de samba é um lugar para o qual a cidade não olha”, recorda o músico, que compõe desde meados dos anos 1980 e hoje tem 55 anos.
Em 2016, o álbum Golpe de Vista apresenta Douglas acompanhado somente de violão, cavaquinho e caixa de fósforos. “Quis mostrar a importância do violão no meu trabalho, embora eu não seja instrumentista. Se você vier na minha casa e pedir pra eu tocar Golpe de Vista, você vai ouvir exatamente o que está no disco.”
Em meio aos projetos solo, Douglas recebeu convites de artistas como Criolo, Juçara Marçal, Marcelo Pretto e Metá Metá, que gravaram composições dele em seus álbuns, dando continuidade a uma série de parcerias de peso que começaram mais de uma década antes, em 1991, quando o Fundo de Quintal gravou Vida Alheia, composição de Douglas.
Na fase recente, os versos do músico ecoariam com potência ainda maior na voz de Elza Soares em Maria da Vila Matilde, no álbum Mulher do Fim do Mundo (2015) – indicada ao Grammy Latino de melhor música em língua portuguesa –, e nas faixas O Que Se Cala e Credo, de Deus É Mulher (2018).
“Elza tomou conta completamente das músicas. Muita gente nem sabe que são composições minhas, o que acontece com grandes intérpretes. Não dá pra dimensionar, é um negócio muito grande e potente, feito com muita propriedade”, afirma o compositor.
O terceiro álbum solo, Escumalha (2019), nasce “dentro da nuvem negra que foi o governo Bolsonaro”. Ao mesmo tempo, ressalta Douglas, “é um elogio à capacidade do brasileiro de transformar sua condição, muitas vezes à beira da miséria, em algo criativo e funcional”.
O trabalho inclui Valhacouto, música de Douglas Germano com letra de Aldir Blanc. A sequência da parceria com um dos gigantes da música brasileira foi interrompida precocemente, com a morte de Aldir em 4 de maio de 2020, vítima de covid-19, nos primeiros meses da pandemia. “Já tinha entregado a ele uma segunda melodia, mas infelizmente não deu tempo para a letra, uma tristeza enorme”.
Em 2021, Douglas foi convidado pelo grupo Batuqueiros e Sua Gente para gravar antigas e novas composições no álbum Partido Alto.
O show de Douglas Germano e Kiko Dinucci em Porto Alegre – que terá abertura do músico Maurílio – marca ainda o reencontro de Douglas com o coletivo de torcedores gremistas antifascistas Tribuna 77, que canta versões de Lama e Padê Onã – confira aqui – na Arena do Grêmio. “São uns camaradas muito legais, já me disseram que vão estar no show”, conta o compositor, que celebra o Palmeiras na faixa Seu Ferrera e o Parmera, do álbum Orí.
Kiko Dinucci retorna a Porto Alegre depois de apresentações em 2022 no show Encruza – que reuniu Gui Amabis, Juçara Marçal, Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos, Romulo Fróes e Thiago França –, com a banda Metá Metá, com o artista multimídia Fernando Velázquez e com a cantora e Juçara Marçal – quando também apresentou o álbum Rastilho, considerado o melhor disco de 2020 pela Associação Paulista de Críticos de Arte – relembre as entrevistas com Juçara Marçal, Kiko Dinucci, Romulo Fróes e Thiago França.
A produção do show de Douglas Germano e Kiko Dinucci é uma parceria das produtoras Juba Cultural e Omertá.
quarta-feira, 28 de maio de 2024