Revista Parêntese

Parêntese #177: Choque, dúvida, ação

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Parêntese #177: Choque, dúvida, ação Fahrion, doação Rolf Zelmanowicz para a Pinacoteca Aldo Locatelli

Esses dias ouvi numa rádio o relato sobre o email de uma ouvinte que reclamava do excesso de notícias sobre racismo. Ela dizia que os casos de racismo tinham aumentado muito depois que começaram a dar destaque jornalístico para episódios claros de racismo. A insinuação dessa pobre alma sem luz era que, se ninguém falasse disso, o resultado seria… que ninguém falaria disso! 

Tolice ou má-fé, a reclamação é uma variante da conhecida história do assassinato do mensageiro como forma de acabar com a má notícia. 

Nosso tempo tem experimentado muitas variantes da mesma estrutura: aumentaram as notícias de feminicídio depois que passamos a falar abertamente dele, assim como aumentaram os relatos dos horrores contra indígenas e populações tradicionais assim que começamos a saber ele os horrores aconteciam, da mesma forma que os casos de racismo e de homofobia. 

É um tempo em que muitos, chocados com a realidade até então obscurecida, deliberam esconder a cabeça na areia, tapar os ouvidos ou, muito pior, tentar calar as vozes que pronunciam essas verdades. 

Nós aqui, da Parêntese e da Matinal, estamos na outra ponta – a ponta que diz e quer ajudar a dizer os horrores escondidos. Jornalismo, compreensão crítica do mundo, sensibilidade humana, relatos de grandes histórias: aqui estamos.

Grandes histórias como a de Rolf Zelmanowicz, médico e colecionador de arte que está agora mesmo doando à prefeitura de Porto Alegre um significativo conjunto de peças artísticas. Sua história é repassada aqui em entrevista comandada por Renato Rosa.

Jairo Ferreira, estudioso do campo da comunicação, traz um ensaio que pensa sobre duas grandes contribuições intelectuais à luta antirracista no Brasil – Muniz Sodré e Sílvio Almeida, autores de livros lançados recentemente sobre o tema, livros que o Jairo repassa, sintetiza e coloca em diálogo. Juremir Machado conta neste sábado sobre o que achou do romance “A boa sorte”, de Rosa Montero, e propõe uma comparação ao leitor.

Lianna Timm traz um sensível ensaio de imagens, parte de seu trabalho amplamente conhecido. No quarto capítulo de seu folhetim Paulo Damin avisa que a Ideralda vai cair na arapuca. Arnoldo Doberstein conta dos jardins da Redenção, que a oficialidade insiste em chamar de parque Farroupilha, nome artificial como um mate de água fria. 

Duas séries encerram hoje, deixando saudades de variado tipo. Frederico Bartz, pesquisador da história dos movimentos associativos e sindicais em Porto Alegre, oferece não um relato acabado mas uma dúvida – onde ficava exatamente o Salão Roth, também chamado de Salão Cosmopolita? E Renata Dal Sasso encerra sua aguda percepção da Buenos Aires de nossos dias remexendo fundo em sua própria maneira de estar no mundo, tão parecida com a de muitos de nós, gente preocupada com o rumo do mundo e o do nosso discurso sobre ele. 

Um grande cronista estreando entre nós: Paulo Roberto Alves da Silva rememora sua infância num bairro distante da cidade, algumas décadas atrás, quando, orientado pelo pai, vai trabalhar como engraxate no Centro. E um grande e consagrado cronista começa a retornar às páginas digitais da Parêntese: com vocês, o sempre lembrado José Falero, agindo como lhe cabe – produzindo textos que valem a pena. 

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