Revista Parêntese

Parêntese 55: 100, 150, 250

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Parêntese 55: 100, 150, 250

Quando as coisas começam a ser história? Quanto tempo demora para a gente ver a história das coisas? 

Cem anos atrás nascia Clarice Lispector, escritora que foi uma revolução silenciosa na narrativa do Brasil. Morreu já tem um tempão, em 1977, aos 56 anos, mas já com obra realizada. Hoje há uma corrente crítica forte a arguir o modo com ela mostrou a vida das empregadas domésticas e dos pobres, em sua ficção, quase sempre como parte da paisagem social, figuras sem densidade. Mas é inegável que sua dicção ajudou a dar corpo literário ao ponto de vista feminino, mesmo sem ser uma feminista militante. Noeli Lisbôa nos ajuda a falar dessa efeméride. 

Beethoven, o gênio, nasceu 250 anos atrás. Zero dúvidas há sobre seu tamanho histórico, divisor de águas, inventor do Romantismo musical, autor de composições que até agora comovem, instauram sentido, marcam o ouvinte atento e até o desatento. Milton Ribeiro dá um roteiro para pensar sua vida e sua obra.

Cento e cinquenta e três anos atrás começou uma trajetória institucional marcante em Porto Alegre, um clube que hoje é conhecido pela sigla Sogipa. Por acaso é o meu clube desde menino, mas não é por esse motivo que ela aparece aqui: com 153 anos de vida (que outro clube social no Brasil tem essa longevidade, essa história?), e há 107 anos abrigando o grupo escoteiro Georg Black – o mais longevo do Brasil, para somar mais um marco na conversa –, a Sogipa está numa crise financeira que aparece nos jornais diários. Para pensar um pouco sobre a crise nessa duradoura história, Gabriela Boff relata sua visão do problema. 

A entrevista da semana traz Ivette Brandalise, jornalista, cronista, psicóloga, figura central na cena cultural da cidade por muitos anos. Ela nos conta de sua experiência no Teatro de Equipe, em jornais, rádios e tevês, ajudando a sedimentar nossa percepção da história local. Juliana Wolkmer repassa a conjuntura de criação do Equipe, naqueles tempos pré-64, quando o mundo tinha outro tamanho e a esperança parecia ao alcance da mão.

No capítulo desta semana da biografia musical de Porto Alegre, Arthur de Faria conta de Ovídio Chaves, compositor de talento, figura que ganhou já uma nota biográfica na Parêntese, uns meses atrás. Felipe Fortuna retorna ao cenário com algumas de suas frases de fino humor.

As duas séries de nossos colaboradores avançam no tempo presente. O terceiro capítulo do folhetim de Marcelo Martins Silva conta o que aconteceu depois do estranho episódio da não-compra do gás, no medo generalizado da pandemia. E Eduardo Vicentini de Medeiros repassa hoje a obra de Elvira Vigna, em sua nova série sobre o casamento. 

E as fotos da Flávia Quadros são também história, mas outra: aquela que nem dá pra ver. Ela frequentou as margens do arroio Dilúvio como talvez ninguém mais tenha feito. E voltou para nos mostrar o que fazemos quando nem vemos que estamos agindo.

PS: pela primeira vez sai uma Parêntese sem texto do José Falero. Mas é só esta vez mesmo. 

– Luís Augusto Fischer

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