Revista Parêntese

Parêntese #156: Centenários

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Parêntese #156: Centenários

Não tem brasileiro escolarizado que passe insensível por um ano como este que vai se despedindo. Todo mundo ouviu e leu algo sobre 1822 e 1922. De forma que agora, 2022, andamos com esse zumbido na memória. 

Pois vai acabando o ano do bicentenário da Independência, que este lamentável governo federal sequer celebrou em seu favor, tão limitada é, foi, sua visão das coisas. Assim como acaba o centenário da excessivamente famosa Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Não vou aborrecer o escasso leitor e a rara leitora com um arrazoado acerca desse excesso de fama – escrevi um livro inteiro sobre o tema e lancei justamente neste 2022.  

Mas tivemos centenários menos evidentes, aqui lembrados de algum modo. Um deles foi o de Décio Freitas, figura com quem tive a boa chance de conviver por alguns anos, almoçando num grupo todas as quintas. Advogado de formação, historiador ou, melhor ainda, um ensaísta dedicado a temas da história e, talvez mais precisamente ainda, um romancista envolvido com o debate da história, Décio era daquelas figuras com biografia um tanto rocambolesca, envolvendo a nefasta cassação pela ditadura de 64. Cem anos. 

Outro foi Darcy Ribeiro, que evocamos de passagem aqui também. E outro é José Saramago, que estamos lembrando uma agradável série de frases e ideias selecionadas por uma especialista, Nilza Rezende, que ao nos proporcionar esse contato abre janelas de grande alcance, sobre a vida, a literatura, o passado, o futuro. 

Efemérides são apenas uma parte da atividade do pensamento, da crítica, do cultivo das ideias. Ao lado delas, brilham nesta edição de número 156 o terceiro capítulo da duríssima história de Ella, no folhetim de Jane Souza, assim como o capítulo da história da cidade contada por Arnoldo Doberstein, que recupera a história de um famoso Salão de artes visuais ocorrido em 1925.

Um breve e belo ensaio de Plínio Melgaré sobre a visão de Gil e Caetano sobre a tecnologia mostra a riqueza que cada brasileiro carrega consigo no amplo patrimônio da canção popular. Roberto Jardim lembra uma figura querida e até lendário, Divino Fonseca, jornalista que nos deixou esta semana. Na série “E se a periferia fosse centro”, uma sensível carta a um hipotético neto comove ao iluminar o presente de carências de parte grande da cidade. 

Juremir comenta hoje sobre a reportagem do Matinal que revelou que a Secretaria da Educação de Porto Alegre comprou mais de R$ 9 milhões em livros de um fornecedor único paranaense e sem consultar as escolas. Ele destaca que o negócio feito com uma empresa investigada pelo TCU ainda tem muitos pontos obscuros.

Três livros merecem nossa atenção, ao modo de recomendação. Danichi Hausen Mizoguchi resenha o excelente novo romance de Manoel Madeira. Simone Rasslan sai de seu quadrado musical com grande desenvoltura para comentar o novo livro de Ricardo Bueno, que estreia na poesia. E Luis Campagnoli comenta o livro de Leonardo Garzaro.

E as fotos de Lars Erick, nosso já consagrado parceiro? Olhe e me diga se a cidade não fica diferente depois de olhar a coisa pelos olhos dele. 

E não esqueça: estamos na batalha para obter mais assinaturas, para quem sabe viver delas, sonho de independência que acalentamos. Com 30 pila ainda de inhapa para comprar livros na Bamboletras ou na Baleia. Veja aqui

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