Revista Parêntese

Parêntese #79: Breve história política do amarelo

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Parêntese #79: Breve história política do amarelo

Durante a ditadura militar, de má memória, gente da minha geração não admitia usar verde e amarelo na roupa. Era coisa meio ridícula, na nossa visão, porque lembrava não o país, que era e é o nosso, e sim o governo militar. 

Os militares no poder haviam promovido a aproximação entre as cores-símbolo do país e seu próprio governo, o Estado e o governo militar. Como éramos contra aquilo, as cores da bandeira nos envergonhavam.

Isso arrefeceu no momento seguinte. E houve um momento em que o amarelo representou os sonhos de mudança: na campanha contra o governo Collor, aquela era patética que foi devidamente defenestrada. 

Dali por diante usar verde e amarelo passou a ser uma opção entre outras. Não era mais ridículo, nem era mais um sinal de protesto. Até agora, quando, no atual governo federal, mais uma vez o processo histórico assiste à privatização do amarelo, representado na camisa das seleções nacionais. Quem usa dá pinta de apoiar o lamentável. 

Chegamos ao ponto em que uma senhora, protestando contra o governo e portando uma bandeira nacional, precisou carregar um cartaz avisando que a bandeira era também dos opositores.

Esta semana a seleção de futebol ameaçou resgatar a dignidade política contra o uso político do futebol. Mas acabou logo a hipótese de um Sócrates reviver entre nós. A seleção, com perdão do trocadilho, amarelou.

Não sei se o prezado leitor e a gentil leitora se ligam no tema. Mas aposto que vão gostar de ler a entrevista do cientista político uruguaio Gerardo Caetano. Ele jogou futebol profissional, teve passagens gloriosas, e agora é um intelectual requintado que pensa sobre os nexos entre o esporte de massas e a política, no contexto das redes sociais. Dá gosto ler suas impressões e opiniões, trazidas pela entrevista feita por Roberto Jardim.

O conjunto de fotos e o ensaio de Ricardo Romanoff que o acompanha revisitam uma tragédia recente, que ocorreu bem longe do nosso quintal mas nos diz respeito diretamente: Chernobyl. Repórter do nosso site irmão, o rogerlerina.com, Romanoff volta à viagem que fez 10 anos atrás, uma memória que ganha novos contornos ao ser revivida sob a tensão da atual pandemia. Também é sobre a explosão em Chernobyl, que completou 35 anos em 2021, que trata a reportagem desta edição. A produção é assinada por três estudantes do curso de Jornalismo da UFRGS e resgata não só o que foi o acidente, mas a confusão que se deu com a tal “carne de Chernobyl” que veio para o Rio Grande do Sul. Com essa parceria, queremos inaugurar uma ponte com o que se produz na academia. Estamos abertos a novas colaborações, de quaisquer cursos e universidades. 

O folhetim de Pieta Poeta conta do dia seguinte da Mãe que extraviou o filho. Na série da Astúcia Brasileira, Marcos Lacerda relembra um moçambicano que virou brasileiro e produziu obra destacada – Rui Guerra. 

O ensaio de Demétrio Xavier medita sobre o lugar da música e dos músicos. Lugar social, lugar simbólico. Cabe pedir a um pintor que mude alguma cor ou sombra no quadro que está expondo? E por que todo mundo se sente à vontade para pedir e até impor repertório a um músico?

Graça Craidy conta, com um humor de primeira, uma experiência da juventude, envolvendo dança em um CTG interiorano, um flerte da madrugada e um motorista apaixonado. E Nilza Resende repassa a história de sua mãe, que de uma vetusta advogada na maturidade se converte, nas cartas que trocou na juventude, numa jovem apaixonada – nossos pais sempre nos surpreendem, quando os conhecemos de perto.

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