Artes Visuais | Reportagens

MACRS reflete sobre acervo, fotografia e Legalidade em três mostras na Casa de Cultura Mario Quintana

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MACRS reflete sobre acervo, fotografia e Legalidade em três mostras na Casa de Cultura Mario Quintana Obra de Nuno Ramos. Foto: DIvulgação MACRS

O Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS) exibe três exposições que colocam em foco o acervo da instituição, abordando suas primeiras mostras, obras de mulheres artistas e trabalhos que dialogam com o Movimento da Legalidade (1961) e a política latino-americana. As mostras podem ser visitadas no terceiro e sexto andares da Casa de Cultura Mario Quintana.

“O acervo do MACRS vem passando por uma pesquisa cuidadosa em que estão sendo analisadas as questões de conservação, sistematização e as necessidades de restauro para garantir a preservação e difusão deste importante patrimônio de todos os gaúchos”, destaca a diretora do museu, Adriana Boff.

Na Galeria Xico Stockinger (6º andar), a mostra Relações de Pesquisa: Processo, Experimentação e Acervo lança um olhar para o acervo inicial do MACRS, revisitando o Ciclo Arte Brasileira Contemporânea (CABC), realizado entre 1992 – ano de fundação do museu – e 1994 pelo Instituto de Artes Visuais do RS (Ieavi).

Obra de Vera Chaves Barcellos. Foto: Divulgação MACRS

A mostra tem curadoria de Jordi Tasso, Mel Ferrari e Thais Meinerz, que compõem o Núcleo de Curadoria do MACRS, e reúne obras de Ângelo Venosa, Carlos Fajardo, Carlos Vergara, Dudi Maia Rosa, Iole de Freitas, Karin Lambrecht, Marco Giannotti, Nuno Ramos e Vera Chaves Barcellos – com uma menção a Jac Leirner, que também participou do CABC.

Obra de Karin Lambrecht. Foto: DIvulgação MACRS

“Essa exposição inaugura a primeira proposição do Núcleo de Curadoria. Fizemos toda a pesquisa e montagem, envolvendo os outros setores do MACRS com o objetivo de resgatar a história do museu”, destaca Mel Ferrari, coordenadora do departamento. Ela destaca que o CABC – idealizado pelo então diretor do Ieavi, Gaudêncio Fidelis, e continuado na gestão de José Francisco Alves – foi um projeto inovador para a época, ao apresentar na atual Galeria Xico Stockinger uma série de exposições individuais de artistas de renome nacional. A maioria dos participantes doou obras para o acervo do MACRS.

Um desses casos é uma obra sem título de Carlos Fajardo, exibida em Relações de Pesquisa. “Quando foi doada, a obra era uma esfera de glicerina toda marrom. Hoje ela é ocre e descascada. Chegamos a pensar que eram dois trabalhos. Com a pesquisa, descobrimos que se tratava da mesma obra, pois para o artista era importante observar o processo de transformação dela, com o passar do tempo, dentro do acervo”, conta Ferrari.

“Esse pensamento é interessante para discutirmos a musealização das obras e o processo de preservação de patrimônio, pois a arte contemporânea engloba muitos discursos e materialidades”, completa a curadora.

Obra de Carlos Fajardo. Foto: Divulgação MACRS

Junto às obras, a exposição apresenta textos, código QR para audiodescrição e imagens que abordam a participação dos artistas no CABC e na mostra atual. A diagramação dos relatos alude às páginas de um jornal, em diálogo com outros materiais apresentados na exposição, como reportagens publicadas à época e documentos internos do museu – incluindo ofícios para a compra de itens tão variados como uma fita crepe ou 6 mil tijolos.

A exposição dá sequência a uma mostra exibida em 2022 que apresentou o processo de documentação e pesquisa do primeiro conjunto de obras do acervo do MACRS a ser disponibilizado na plataforma digital Tainacan, projeto desenvolvido em parceria com a Gestão de Acervos Museológicos da UFRGS.

Ao longo do período de exibição – ainda sem data de encerramento definida –, o MACRS promove atividades educativas relacionadas ao projeto.

Obras de mulheres no acervo

Foto: Lidiane Fernandes

Na Galeria Augusto Meyer (3º andar da CCMQ), a exposição Através da Imagem: Mulheres Artistas no Acervo do MACRS apresenta fotografias de 21 artistas, com curadoria de Mariane Rotter. Realizada pelo museu em parceria com o Ieavi – ambas instituições vinculadas à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) – e a Universidade Estadual do RS (UERGS), a mostra celebra um termo de cooperação assinado pela Sedac e a universidade, pelo qual a instituição de ensino utiliza espaços geridos pela Sedac em Porto Alegre para aulas dos cursos de Artes.

A exposição dá continuidade ao projeto Através da Imagem, idealizado pela curadora da mostra e realizado desde 2015 pela UERGS em uma galeria da Fundação Municipal de Artes de Montenegro. “A Casa de Cultura Mario Quintana oferece um contato com o mundo real que é necessário para os estudantes. Com Através da Imagem, estamos ocupando um espaço que não é a sala de aula tradicional, mas onde também é possível aprender sobre as possibilidades de uma exposição”, conta Rotter, que é artista visual e professora da UERGS.

Foto: Viviane Gueller

Com visitação até 29 de outubro, as obras apresentam um panorama da atuação de artistas contemporâneas que trabalham com a linguagem fotográfica. Participam da mostra Angela Plass, Anielli Martins e Nauita Meirelles, Ariana Ferrari, Beatriz Rauscher, Carla Borba, Clara Allyegra, Cláudia Paim, Dione Veiga Vieira, Elaine Tedesco, Fernanda Chemale, Gabriela Picancio, Letícia Lampert, Lidiane Fernandes, Mariana Silva, Marília Bianchini, Marina Camargo, Marisa Grahl Saucedo, Natalia Schul, Selene Sanmartin e Viviane Gueller.

Política latino-americana

Obra de Carlos Pasquetti. Foto: DIvulgação MACRS

Na Galeria Sotero Cosme (6º andar da CCMQ), a exposição El Cielo por Asalto parte do Movimento da Legalidade – liderado pelo então governador do RS, Leonel Brizola, após a renúncia de Jânio Quadros, em defesa da posse do vice-presidente eleito João Goulart.

Com curadoria de Juliana Proenço, a exposição exibe obras de artistas como Regina Silveira, Vasco Prado, Xico Stockinger e Zoravia Bettiol, que participaram do movimento por meio do Teatro de Equipe. Também integram a exposição Carlos Pasquetti, Denilson Baniwa, Frantz, Gustavo Tabares, Leandro Machado, Leila Danziger, Léon Ferrari, Lina El-Herfi, Manoela Cavalinho, Martin Heuser, Ricardo Chaves (Kadão) e Romy Pocztaruk.

Foto: Romy Pocztaruk

A mostra se divide em quatro núcleos que têm como foco as possibilidades de documentação histórica por meio da arte, abordando reflexões sobre as ditaduras civis-militares na América Latina e documentos que integram os acervos do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, do Palácio Piratini e do Arquivo Histórico do RS.

Aberta até 22 de outubro, a mostra faz parte do programa Acervo em Foco, do MACRS, que desenvolve ações de aquisição, difusão, pesquisa, educação e acessibilidade, estimulando a produção intelectual de todas as equipes da instituição.

“Relações de Pesquisa: Processo, Experimentação e Acervo”
Local: Galeria Xico Stockinger (6º andar da CCMQ)

“Através da Imagem: Mulheres Artistas no Acervo do MACRS”
Em exibição até 29 de outubro de 2023
Local: Galeria Augusto Meyer (3º andar da CCMQ)

“El Cielo por Asalto”
Em exibição até 22 de outubro de 2023
Local: Galeria Sotero Cosme (6º andar da CCMQ)

Endereço: rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico – Porto Alegre
Visitação: de terça-feira a domingo, das 10h às 19h
Entrada gratuita

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