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As figuras que nascem do inconsciente de Gabriel Augusto

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As figuras que nascem do inconsciente de Gabriel Augusto Gabriel Augusto. Foto: Jhony Aguiar

Artista participa da exposição coletiva Passos sobre os abismos, na Galeria Tina Zappoli

Pinturas e esculturas que travam um diálogo entre si, como se a tela tomasse forma ou como se a figura física se dissolvesse na tela. Assim são as obras de Gabriel Augusto apresentadas na exposição coletiva Passos sobre os abismos. Ao lado de Arlete Santarosa, Cabral, Marinho Neto, Jorge Leite, Itelvino Jahn e Têre Finger, o artista integra a mostra que se debruça sobre as dificuldades do tempo presente e apresenta a arte como um caminho para criar futuros possíveis. 

Natural de Goiânia, nascido em 1991, Augusto é o artista mais jovem do grupo. Começou sua trajetória desde cedo, frequentando cursos no Centro Livre de Artes de Goiânia. Depois disso, fez um curso técnico de Design Gráfico e, por fim, ingressou na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás. Com seu amor pelos traços e desenhos, dedicou-se também à arte da tatuagem, passando a dividir seu tempo entre as artes plásticas e o trabalho como tatuador. 

Obra em gesso, ferro, arames, betume, sisal, linhas e tintas diversas. Foto: Jhony Aguiar

Durante a pandemia de covid-19, com a impossibilidade de realizar tatuagens, mergulhou com tudo nas artes visuais. Desse período nasceram as obras que integram Passos sobre os abismos. São figuras humanas carregadas de matéria e da gestualidade do artista, criando obras densas e expressivas que podem provocar diferentes leituras e reações no espectador. 

Na entrevista a seguir, Gabriel Augusto compartilha um pouco do seu processo de trabalho e das suas inspirações na hora de criar. 

Como é teu processo criativo? Com quais materiais costumas trabalhar? 

Durante meu processo criativo tento deixar tudo bem fluido, quase nunca sei o que irei fazer no dia. Essa surpresa me motiva a criar todo dia, na esperança de surgirem imagens que me agradem e falem sobre meu estado de espírito naquele momento da concepção. No meu trabalho, faço bastante uso de espátulas e variados formatos de pincéis. Geralmente prefiro os mais velhos e gastos, por imprimirem melhor o sentimento da pincelada no suporte. Para as esculturas costumo usar ferro reciclado, dentre outros materiais adquiridos na rua ou em ferro velho.

Gabriel no atelier. Foto: Jhony Aguiar

De onde nascem as tuas figuras?

Essas figuras nascem do meu inconsciente. São resultado de um processo quase de psicografia. Como não planejo e deixo o processo me mostrar o resultado, as imagens acabam surgindo de forma espontânea.

Qual a relação entre tuas pinturas e tuas esculturas? 

As esculturas são praticamente uma extensão das telas. Feitas em um processo semelhante de criação, são como uma busca de materializar o que tenho em meu inconsciente. Para isso, costumo usar minhas próprias imagens como referência para criá-las.

Obra em gesso, ferro, arames, betume, sisal linhas e tintas diversas. Foto: Jhony Aguiar

As obras apresentadas na exposição fazem parte de um alguma série? Não costumas dar títulos para tuas obras? 

No caso das pinturas apresentadas na exposição, em sua maioria são recortes de séries que fiz nos últimos dois anos. Já as esculturas são parte de uma série que venho desenvolvendo desde o começo deste ano. Não costumo dar títulos para as obras para não direcionar o pensamento e deixar livre a interpretação.

Como a arte nos ajuda a ultrapassar os diversos abismos atuais – sejam os teus pessoais ou os sociais? 

A arte me salvou de um grande abismo que vinha atravessando, sofri com depressão nos últimos três anos, e foi ela quem me manteve com forças para continuar seguindo meu caminho. Sua capacidade de confortar os atormentados me fez ter gosto pela vida e um propósito de continuar vivo.

Obra em técnica mista sobre tela. Foto: Jhony Aguiar
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