Revista Parêntese

Parêntese #171: Que não se perca pelo número

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Parêntese #171: Que não se perca pelo número

Estelionato é o crime previsto no famoso artigo 171 do Código Penal brasileiro. Estelionato é o nome genérico para engambelação, mentira, enganação, fraude – práticas em que o Brasil é pródigo. 

Olhando com amplitude, o povo aprendeu a enganar (e não só no Brasil) porque sabe que é engambelado regularmente, porque os de cima não fazem outra coisa quando é possível, porque praticar o bem e buscar o belo e o justo costumam ser quimeras, porque enfim não dá nada. Nunca dá nada. 

Uma pena que assim seja, que esta seja a mentalidade dominante; perde-se de vista princípios morais que ajudam a vida em sociedade, como a vetusta regra do “não faça aos outros o que não queres que te façam”, versão ancestral do cristão “Amai-vos uns aos outros”, do princípio budista da não-violência e da compaixão.

Tudo isso vem por associação direta com o número da presente edição, a 171, que continua a ser a nossa forma de querer o bom, o belo, o justo, com compaixão ou, na falta dela, com vontade de não sermos nem autores, nem vítimas de estelionatos.

Quanta coisa certa existe? As sensacionais fotos da Heloiza Averbuck, com uma profusão de água e ar que dá até certa vertigem, de tanta beleza. A reflexão de Renata Dal Sasso, ligando assédio e monumentos, memória e presente, num jeito inovador de pensar a condição da mulher. O relato de Samantha Buglione, que passou uns estonteantes dias em Altamira, no Pará, lá onde se decide uma parte substantiva do futuro do planeta. 

Enquanto isso, Márcio Chagas relembra momentos de racismo de seu passado de estudante, enquanto Rodrigo Breunig arma uma conversa inesperada entre seu presente e seu passado de tradutor de Agatha Christie. 

João Vicente Ribas dá notícia do vivíssimo presente da canção na América hispânica, sempre tão próxima e sempre tão estranha aos brasileiros. Carlos Winckler, de sua parte, transita da visão elementar de um mendigo para uma reflexão sobre afetos. E Carlos Gerbase conta sobre a equipe que fez acontecer a exposição “Lupi: pode entrar que a casa é tua”.

Os habituês não deixam por menos. Juremir Machado da Silva relembra o Machado de Assis que relembrava Tiradentes, ontem escassamente relembrado em seu dia de homenagem. Tiago Maria alcança o nono capítulo de seu esfuziante folhetim. Arnoldo Doberstein recupera o papel de Loureiro da Silva como prefeito, o executor da retificação do arroio Dilúvio. E Frederico Bartz evoca da Greve Geral de 1906, que teve nos Moinhos de Vento um local especial. 

– Luís Augusto Fischer

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