Foto: Glenn Benson/NASA

#180 | JULHO DE 2023

Professor de física da UFRGS discorre sobre as diferentes noções e percepções de tempo
Foto: Glenn Benson/NASA
Uma verdade universalmente reconhecida é que o tempo passa. Embora tenhamos essa consciência, se sentimos o tempo passar, surge a indagação: possuímos um sentido intrínseco de tempo? A ideia de considerar o tempo como um sentido pode parecer estranha, pois tradicionalmente associamos os sentidos a órgãos sensoriais específicos. Então perguntamos: qual seria o órgão responsável por perceber o tempo? Em caso de falha desse órgão, será que existem pessoas que não percebem o tempo? Questões dessa natureza, vinculadas às nossas percepções, costumam ser abordadas pela psicologia e pela neurociência moderna. Mas, se afinal temos uma representação mental para o tempo, sua realidade nasce no tempo físico – e é importante conhecermos um pouco desse tempo. Uma das características distintivas da física é criar formas objetivas de medir fenômenos, minimizando a influência da subjetividade das percepções individuais. Por exemplo, duas pessoas podem discordar sobre a duração de um mesmo evento se estiverem experimentando estados emocionais muito diferentes. No entanto, concordarão plenamente com o horário que está indicado em um relógio diante delas. Assim o tempo físico é aquele medido pelo relógio. No entanto, essa simplicidade é desafiada pela Teoria da Relatividade Restrita, formulada por Albert Einstein no início do século passado. A Teoria da Relatividade Restrita nos ensina que, se duas pessoas estiverem em movimento relativo, elas não concordarão mais sobre a passagem do tempo indicada pelo relógio – para uma delas, o relógio da outra parecerá mais lento. Será que o problema reside no relógio, que funciona mal quando em movimento? Ou talvez, ao utilizarmos um relógio eletrônico mais sofisticado, esse efeito desapareça? A resposta, conforme a Teoria da Relatividade, é que o tempo efetivamente passa mais lentamente, e os relógios simplesmente registram esse fenômeno. Isso dá origem ao famoso paradoxo dos gêmeos. Suponha que Ana permanece na Terra enquanto sua irmã gêmea Júlia parte em uma viagem espacial. Em certo momento, elas alcançam uma grande velocidade relativa e, se Ana aplicar a Teoria da Relatividade Restrita, vai concluir que o tempo passa mais lentamente para Júlia. Quando reencontrar Ana, Julia estará mais jovem. O paradoxo surge quando Júlia, utilizando o mesmo raciocínio, chega à conclusão oposta de que é Ana que estará mais jovem. A resolução desse paradoxo revela que, na verdade, Ana está correta, e não Júlia. A aceleração necessária para que Júlia deixasse a Terra a impede de aplicar corretamente os princípios da Teoria da Relatividade Restrita. Portanto, Júlia comete um equívoco nos cálculos, e na realidade, ao se reencontrarem, ela estará mais moça que Ana. Mesmo com a resolução do paradoxo, o fenômeno temporal que resultou nas gêmeas envelhecendo de maneira distinta é algo de difícil assimilação para nós, seres que experimentam velocidades relativas muito menores que a da luz. Outra implicação da Teoria da Relatividade é que, durante a viagem, quando Júlia estiver em velocidade constante de cruzeiro, ela e Ana discordarão sobre a simultaneidade de eventos. Uma pode concluir que duas explosões de supernovas muito brilhantes ocorreram simultaneamente, enquanto para a outra houve um […]

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