Revista Parêntese

Parêntese #174: Chorando e cantando

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Parêntese #174: Chorando e cantando

Ainda agora, escrevendo este editorial, eu contenho a emoção, respiro, teclo as letras, porque é isto: morreram dois grandes do mundo artístico. Uma é figura nacional imediata, a Rita Lee; outro é figura local, de importância equiparável e talento musical talvez ainda superior, Luiz Carlos Borges. 

Nos ensinaram a cantar coisas que a vida insistia em colocar ao nosso alcance, mas que precisavam ser passadas pelo filtro da arte, que intensifica nossa percepção. Escolha a sua trilha sonora, caro leitor, gentil leitora: aquelas baladas e rocks cheios de energia rebelde e banhados de uma perspectiva tão feminina e tão alegre, ou aqueles chamamés e vaneras e milongas tapados de emoção singela, colhida na contemplação do rio que passa e da memória que permanece. 

Para lembrar da Rita, vão aqui três textos: um relato surpreendente do Ayres Potthoff, um passeio por sua longa e sinuosa entrada no texto da Rosa Maria Bueno Fischer, uma fotografia da emoção no peito da Nathallia Protazio.

Para lembrar do Borges, dois: uma visita a seu velório no Theatro São Pedro, temperada pela lembrança do homem amigo, no texto do Nelson Ribas, e uma velha fotografia verbal do Borges em 1997, quando falava de outro amigo, falecido em tempos idos, num texto meu

Enquanto isso, nossos confirmados nos acompanham: Arnoldo Doberstein lembra de edifícios modernos de cem anos atrás, enquanto Frederico Bartz localiza uma pedreira anarquista. Arthur de Faria revive a ida dos Almôndegas ao Rio, quando tudo poderia ser e ainda não era. No aniversário de 135 anos da Lei Áurea, Juremir Machado da Silva publica um fragmento de seu livro “Raízes do conservadorismo brasileira”.

No texto da Renata Dal Sasso, se fala de um “malón”, palavra que talvez mereça uma pequena elucidação preliminar: assim se chamou, em espanhol platino, a incursão guerreira de índios a acampamentos ou cidades de brancos, durante o processo de – o senhor pode escolher a ênfase – chacina dos nativos e afirmação do território para os conquistadores. A Renata não está em Buenos Aires para malonear, e sim para falar de outras “cautivas”. 

Juliana Wolkmer revive a figura de uma atriz formada pelo DAD em seus primórdios. Fernando Seffner aborda a Inteligência Artificial como pesquisador. E Nubia Silveira repassa a conjuntura nacional, botando ordem no cenário – ao menos discursivamente, que é o plano em que podemos atuar.

Por fim, mas não por último, Paulo Damin apresenta o primeiro capítulo do nosso novo folhetim, o surpreendente “A lenda do corpo e da cabeça”. Precisa ler para crer. Para ilustrar a conversa, temos uma breve entrevista com ele, que se apresenta e fala um pouco do que nos espera na nova história seriada.

PS: Pensando na beleza de um encontro: o Borges foi nosso convidado para um Sarau Elétrico, durante a pandemia aguda, pra falar do chamamé, esse gênero musical do interior profundo, com um pé firme no mundo guarani, que a modernidade urbanófila desconhece (para mal seu e nosso). Tome um tempo pra ouvi-lo falar e, no final, cantar.

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