#180 | JULHO DE 2023

“Escritor não é necessariamente quem inventa um mundo. Pode ser aquele que conta o seu mundo.”

No auge de uma moda intelectual chamada estruturalismo, que se apresentava, a exemplo das suas predecessoras, como definitiva, a teoria literária francesa anunciou: “o autor está morto”. O leitor nunca ficou sabendo. Só a obra interessava. Livro publicado, a biografia do autor não valia um centavo. Era a vitória definitiva de Marcel Proust contra Sainte-Beuve. Autonomia do texto. Participação do leitor na recepção, o que Umberto Eco chamava de “obra aberta”. Meio século depois, tudo se inverte: a obra está morta. Só resta o autor. Entramos na literatura de “lugar de fala”. Os modernos continuam a invocar a cantilena do projeto estético que criaram e por isso mesmo não estão vendo o trem passar. Foi o que Itamar Vieira Júnior, com deselegância, tentou mostrar à sua crítica Lígia Diniz.

Já não importa tanto o que é contado, nem só como é contado, muito menos a obediência ao modo moderno de contar, mas quem conta e por que conta. Retorno do conteúdo, ainda que atrelado a uma forma. Todos são escritores? Talvez nunca se tenha tentado tanto. Publicar ficou fácil. Ser escritor é um reconhecimento, uma legitimação, nunca um diploma. Existem duas formas de ser reconhecido como escritor: vender muito ou receber o aval da crítica. Uma vez, fui a um debate com Michel Houellebecq. Ele foi atacado por vender muito. No Brasil, ele faz sociologia. Nunca a sociologia foi tão bem escrita. Ninguém no Brasil alcança em literatura essa sociologia irônica. Provinciano, o jornalismo de cultura de Rio de Janeiro e São Paulo só capitulou quando Houllebecq passou a ser publicado pela Alfaguara, que se tornou um selo da Companhia das Letras. Guy Debord na veia. 

O acesso a esse conteúdo é exclusivo aos assinantes premium do Matinal. É nossa retribuição aos que nos ajudam a colocar em prática nossa missão: fazer jornalismo e contar as histórias de Porto Alegre e do RS.

 

 
 
 

 

 

 

 
 
 

 

 
conteúdo exclusivo
Revista
Parêntese


A revista digital Parêntese, produzida pela equipe do Matinal e por colaboradores, traz jornalismo e boas histórias em formato de fotos, ensaios, crônicas, entrevistas.

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

Também nesta edição
Ready for an adventure? Take a dive into my world of photography from exotic locations around the globe – from places like Zambia, Morocco, and more! All photos shot on the Canon EOS 5D. Feel free to reach out and connect with me!
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHEUM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHEUM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.