Animação de Lara Fuke, artista convidada do Ensaio Visual desta edição

#180 | JULHO DE 2023

Animação de Lara Fuke, artista convidada do Ensaio Visual desta edição

Em 16 de agosto Millôr Fernandes completaria 100 anos. Foi o centenário desse grande humorista e pensador brasileiro que nos levou a dedicar a edição deste mês ao humor. 

Pensamos no seu jeito irreverente e inteligente de retratar a sociedade, em suas tiradas irônicas e sarcásticas que colocavam o Brasil na ponta do lápis com uma sagacidade única. Mas pensamos também na passagem do tempo, nas coisas que mudaram nas últimas décadas, nos avanços e retrocessos que presenciamos enquanto sociedade e, consequentemente, naquilo que, hoje, nos faz rir. Então nos perguntamos: o humor mudou? 

Enquanto trabalhávamos nesta edição, houve alguns episódios emblemáticos sobre o embate dos limites do humor. Casos de preconceito disfarçados de comédia levantaram um debate pertinente e complexo. Quais são os limites do humor? Do que rimos? Por que rimos? Onde rimos? Quem pode rir do quê? 

Antes, ríamos apenas diante da televisão, das charges nos jornais, dos periódicos de humor, em programas de auditório, das piadas que nosso avô contava. Hoje, rimos também em shows de stand-up comedy e diante das várias telas que nos cercam. Seguimos contas e canais de humoristas e comediantes. Rimos de piadas, de vídeos no YouTube, de memes, de figurinhas engraçadas compartilhadas nas redes sociais e que, em minutos, alcançam centenas ou milhares de pessoas. 

Então, algumas coisas mudaram, sim. Mudamos enquanto sociedade — ou estamos tentando mudar. Avançamos em reflexões necessárias e urgentes sobre pautas ligadas à conscientização e à diversidade, estamos começando a compreender erros históricos e seguimos na busca por fazer reparações necessárias. É o que precisamos fazer. 

Nesse processo, já podemos perceber e sobretudo temos espaço para falar sobre piadas que não são engraçadas, que incomodam ou ferem algo ou alguém. Discutimos sobre como algumas delas são abertamente machistas, misóginas, homofóbicas e preconceituosas e essas não mais passarão. Ninguém quer o fim das piadas, mas há uma luta para delimitar a liberdade de um frente a do outro. A liberdade absoluta não existe, se existisse passaria por cima do próximo e isso, como projeto de sociedade, já vimos que é desastroso. Aprendemos que o humor que invade, que expõe, que julga, não presta. Ou melhor, estamos aprendendo.

O humor é antídoto para o tédio, para a raiva, para desavenças, para limitações cognitivas, para a depressão, para o sentimento de solidão. Ele subverte as situações, muda ângulos e pontos de vista, provocando a reflexão por caminhos menos óbvios. O humor, quando inteligente, nos ensina a rir da piada mas sobretudo a aprender a rir de nós mesmos. 

Nesta edição, buscamos reunir textos que nos ajudam a pensar essas mudanças, que falam sobre a presença cotidiana do humor através das redes e que carregam a pauta da diversidade. Esperamos que a leitura proporcione, além de algumas risadas, muita reflexão. 

Boa leitura!

Também nesta edição
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