Rio, 16 de agosto de 2023
Caro Mestre Millôr
Eu me lembro muito bem daquele 27 de março. Não eram nem 7 horas da manhã quando o telefone tocou. Era Ivan quem me dava a triste notícia: às nove da noite passada, me dizia seu filho, você deixava a vida. Em poucos minutos eu já estava na Vieira Souto para, com ele, darmos a notícia à Paolinha, sua filha que ainda dormia. A partir daquele momento, sentado no sofá de sua casa, comecei a me lembrar dos mais de 30 anos de amizade fraternal que tivemos. Depois de 11 anos de sua partida, quando você faria hoje 100 anos, ainda continuo a me lembrar dos seus ensinamentos, das inconfidências, de sua baita experiência de vida, dos seus amores e decepções, dos incríveis momentos históricos que passou em vida. Sobre tudo isso falávamos quase todos os dias ao telefone. Hoje tenho a certeza de uma coisa: eu era o único de seus amigos que se punha de pé ao amanhecer e você o que madrugava no atelier muito cedo. Daí o privilégio de conversar com você com tanta frequência e de me lembrar, agora, de uma coisa e outra que você me contou durante esses anos.
Parêntese
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