Revista Parêntese

Parêntese #170: Fantasmas

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Parêntese #170: Fantasmas Foto: Flavio Wild


Como sabem todos os adultos, fantasmas existem. Eles não têm aquele aspecto antigo, um lençol voando e fazendo “buuuu”, mas existem, quase ia dizer em carne e osso. 

O ano de 1835, para muitos gaúchos, é um deles. Começo de tudo, chave para entender por que os gaúchos são tão maravilhosos – isso para as almas atoladas no tradicionalismo mais elementar. O ano de 1922 para os paulistas, idem – começo de tudo, chave para entender por que São Paulo inaugurou tudo de bom que se fez no Brasil. Se facilitar, vai ter gente defendendo que até o Machado de Assis, morto em 1908 inocente da Semana aquela, também deve sua qualidade, no fim de todas as contas, ao ano miraculoso de 1922.
    
Mas o prezado leitor e a esclarecida leitora deste hebdomadário aqui (nunca tinha usado essa linda palavra, que o finado mas sempre lembrado Pasquim repôs em circulação para provocar a memória e ressuscitar este sinônimo de “semanário”) por certo não se deixam assustar por fantasmas tais. 
    
Por isso mesmo é que damos a palavra ao Arnoldo Doberstein, que neste número repassa o momento inicial da rádio Gaúcha, no ano da graça de 1935. E ao Frederico Bartz, que descortina, atrás de cenários simples com a rua Dr. Flores, toda uma página do movimento dos trabalhadores na cidade. E ainda ao Fernando Seffner – três historiadores que escrevem como gente grande! –, que visita prédios nomeados com imagens e figuras da tradição antiga de Egito, Grécia e Roma.
    
Flávio Wild registra sua fuga para Buenos Aires após o primeiro turno das últimas eleições presidenciais. No sétimo capítulo de seu folhetim, Tiago Maria nos conta do encontro do Bombeiro Bombado com o Negão Auri, enquanto o narrador, num dos muitos cabarés que frequenta, bebe uma apropriada caipiranha. 
    
Renata Dal Sasso, nossa correspondente em Buenos Aires, encontra cenários iguais na cidade diferente, e nos leva a uma autocrítica incômoda e perfeitamente cabível – estamos mesmo saindo da confortável bolha culta em que vivemos? Enquanto isso, Valentina Bressan oferece uma reflexão sobre a memória.
    
José Weis também revisita – olha só – o ano de 1935, mas em torno de Dyonélio Machado, que lançava seu clássico Os ratos, objeto de uma resenha minha que analisa a mais recente edição daquele romance tão, mas tão original. 

Juremir Machado da Silva fala da sétima exposição “Sintomas do humor”, na Casa da Memória Unimed. “O diagnóstico é preciso: riso frouxo”. E fechamos com o Diego de Godoy contando como viu o filme “Só tinha que ser com você”, documentário que nos devolve a tensão, o calor, o suor da gravação do clássico lp “Elis e Tom”.  
    
(Nunca tinha me ocorrido, e talvez seja necessária uma confissão de apreço demasiado deste editor: nada menos que cinco historiadores, talvez seis se eu ganhar matrícula nesse restrito grupo, escrevem nesta edição. Arnoldo, Frederico, Fernando, Renata, Juremir. Devo pedir desculpas pelo excesso?)

P.S.: Antes de fecharmos a edição, o Arthur de Faria prontamente nos mandou um texto que conta sobre o rock do IAPI e rende homenagem a Fughetti Luz, roqueiro que morreu ontem aos 76 anos.

– Luís Augusto Fischer


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