Revista Parêntese

Parêntese #173: Aprendendo o passado

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Parêntese #173: Aprendendo o passado

Se alguém me acusar de ter muito gosto pelo passado, um gosto talvez demasiado por ele, eu direi, de fronte limpa: é verdade. 
    
É coisa aprendida com minha mãe e a mãe dela, minha querida avó, que sempre tiveram muita atenção para com coisas até mesmo ínfimas – uma fotografia, uma colherinha que pertenceu a não sei quem, uma cicatriz na paisagem (“Aqui ficava a casa do finado Fulano”). A vó (vó Ziloca, Alzira de batismo) repetia uma série de frases-feitas, outro elemento de permanência do passado. “Quem me deu este não me dá outro”, ela dizia para referir um presente que certa pessoa já falecida lhe tinha dado. Era uma permanência e era uma saudade.
    
Agora, que tenho eu mesmo uma provecta idade que as duas alcançaram e que me parecia coisa inimaginável, sou eu a lembrar delas e de coisas passadas – e a estampar aqui, na Parêntese, uma fieira de recuerdos. 
    
Para começar, dê uma olhada no Mapa dos Becos de Porto Alegre, um excelente desenho da Ana Luiza Koehler. Ela recompôs pacienciosamente uma geografia urbana que mal e mal ainda resta na cidade em que vivemos. Examinando esse mapa – “como se fosse a anatomia de um corpo”, Mario Quintana dixit – a gente como que anda por uma cidade do passado, que é esta mesma agora dirigida por Sebastião Melo e por um afã de bota-abaixo algo perverso (e pode ser conferido na entrevista que fizemos como ele).
    
Carlos Edler em suas fotos retrata figuras evanescentes da paisagem atual. Frederico Bartz lembra de uma praia antinazista no Guaíba. Arnoldo Doberstein evoca mortes monumentais em 1938. E a Juliana Wolkmer traz fotos e história do primeiro ator negro formado pela UFRGS. (E eu não acho nada disso excessivo!)
    
Mas sim, queremos entender o presente, igualmente. Por exemplo nas crônicas de Beatriz Marocco, que aborda a ex-primeira dama nacional, e de Paulo Damin, que fala de certas “disputas coloniais” de hoje. 
    
João Vicente Ribas traz a segunda parte de sua seleta lista de cancionistas e de discos hispano-americanos de nossos dias. José Weis resenha o novo livro de Ronald Augusto. E Renata Dal Sasso especula sobre parênteses em sua vida, agora localizada em Buenos Aires. 
    
Nos despedimos hoje do folhetim do Tiago Maria, com seu humor meio desconcertante, que passeou por casas noturnas da cidade com sua fauna de personagens improváveis mas reais.
    
Para anotar na agenda: quinta que vem, dia 11, às 19h, estaremos todos nós, da Parêntese e do grupo Matinal, na nossa admirada livraria Bamboletras (Venâncio Aires, 113), para lançar o novo número da Parêntese TRI, que é impressa. Este número teve a curadoria do Jandiro Koch e aborda o mundo LGBT+, essa sigla com vocação igual à do número pi depois da vírgula, com suas infinitas casas decimais. Tá um estouro, como se dizia num passado já remoto. Apareça por lá!

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